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Sábado, 14 Março 2015 13:03

Moçambique está a fazer os mesmos erros de Angola

A investigadora do 'think tank' Crisis Group considera que Moçambique está a cometer os mesmos erros de Angola e que a Frelimo está a replicar o que o angolano MPLA faz na "fusão entre Estado e partido".

Em entrevista à Lusa, Paula Roque mostra-se convencida que "Moçambique não vai conseguir evitar os erros de Angola" no caminho para o desenvolvimento, nomeadamente no que diz respeito à utilização das receitas dos recursos naturais, até porque "a Frelimo está a replicar o que o MPLA fez; há uma fusão entre Estado e partido, e na parte comercial e de interesses nos recursos naturais isso verifica-se em Moçambique também".

Lembrando de forma humorística que há uma alcunha na comunidade empresarial internacional, que dá ao antigo Presidente de Moçambique Armando Guebuza a alcunha de 'Guebusiness', Paula Roque defende que "a corrupção está muito conotada com as empresas estatais, com os grandes projetos com multinacionais, e era a fórmula que o MPLA tinha e continua a ter, mas agora de forma mais sofisticada", por isso considera que "a pequena corrupção de que se fala no país não é assim tão pequena", embora haja grandes diferenças entre Angola e Moçambique.

Ao contrário de Angola, Moçambique "tem uma classe média, tem uma oposição política, tem uma imprensa minimamente independente e sociedade civil minimamente forte, e é um país onde há uma política de consenso e de negociação, como por exemplo quando o novo Presidente, contra as expetativas, está a negociar com Dlakhama a apresentação de uma proposta de autonomia das províncias, embora saiba que vai ser chumbada, mas fomenta o diálogo e isso é importante".

De acordo com Paula Roque, Moçambique vive um "momento de transição", alicerçado em parte porque "o poder económico está no norte, mas o poder político está no sul".

O Governo, afirma, "tem de repensar a política no centro do país" e a transparência que quer imprimir aos grandes projetos de recursos naturais no norte do país: "Há várias instituições da sociedade civil que alertam sistematicamente sobre a falta de transparência das leis que vão reger o desenvolvimento do gás natural".

LUSA

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