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Quinta, 10 Janeiro 2019 12:16

UNITA declara 2019 como “ano da consagração” de Jonas Savimbi

A UNITA, maior força da oposição angolana, declarou 2019 como "ano da consagração da memória" do líder histórico e fundador Jonas Savimbi, morto em combate em 2002, indica hoje em comunicado o partido do "Galo Negro".

Segundo o documento, a decisão foi tomada quarta-feira na primeira reunião deste ano do Secretariado Executivo do Comité Permanente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), liderada pelo presidente do partido, Isaías Samakuva.

A fim de dar cumprimento à resolução da IV Reunião Ordinária da Comissão Política, realizada em dezembro passado, segundo a qual os anos devem passar a ser dedicados a um objetivo, programa ou acontecimento relevante à vida do partido, como era tradição num passado não muito distante, o Secretariado Geral do partido foi orientado no sentido de dar a devida divulgação à decisão que dedica o ano de 2019 à Consagração da Memória do Dr. Jonas Malheiro Savimbi", lê-se no comunicado.

A decisão surge como "resposta" às críticas feitas a 21 de dezembro último pelo Presidente angolano, João Lourenço, que referiu que o Governo está preparado para, "a qualquer momento", exumar os restos mortais do líder fundador da UNITA e trasladá-los para onde a família e o partido da oposição entenderem, denunciando o "silêncio" do partido da oposição.

Na ocasião, numa conferência de imprensa, João Lourenço sublinhou não perceber a insistência da UNITA, quando é o próprio partido do "Galo Negro" que está a "vacilar" nessa vontade.

"Estamos preparados para, a qualquer momento, depositar os restos mortais [de Jonas Savimbi] onde quiserem. Mas a UNITA pede-nos calma. Muitas famílias gostariam da ajuda do Estado para localizar, exumar e transladar os familiares [que morreram durante o conflito angolano, entre 1975 e 2002], afirmou.

"A UNITA está a atrasar o processo", acrescentou João Lourenço, que explicou que, após tomar posse, em setembro de 2017, o líder do partido do "Galo Negro", Isaías Samakuva, lhe deu conta da situação e pediu celeridade no processo.

Na altura, acrescentou, disse ter procurado inteirar-se da situação e reativado a comissão de acompanhamento do processo, que juntava uma delegação do Governo, outra da UNITA e a família de Jonas Savimbi.

"A UNITA queixava-se da lentidão do processo, mas nós estamos a tentar resolver o caso. É como se dissessem agora: 'Não, não. Tenham calma. Não temos pressa'", referiu João Lourenço, garantindo que o processo terá também de passar testes de ADN, um a nível oficial e outro pela família", referiu.

Uma semana antes, a 15 de dezembro, em declarações à Lusa, o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, indicou que os restos mortais de Jonas Savimbi, que se encontram sepultados à guarda do Governo angolano próximos de Lucesse, na província do Moxico, onde foi abatido durante a guerra civil, só serão exumados em 2019.

Alcides Sakala indicou então que estão a decorrer discussões entre a UNITA e o Governo para a definição de um calendário e data para a operação.

Em agosto de 2108, na sequência de nova reunião entre João Lourenço e Samakuva, o chefe de Estado angolano garantiu o "empenho pessoal" para que o processo de exumação dos restos mortais de Jonas Savimbi ficasse concluído ainda este ano.

"O ano já está no fim, naturalmente. Mas o importante é que as discussões continuam. Estas condições criadas para o efeito têm vindo a aproximar pontos de vista. Vai-se definir um quadro de passos que têm de ser dados e pensamos que, no início do próximo ano, poderemos apresentar eventualmente um cronograma quase definitivo deste processo", disse, a 15 deste mês, o porta-voz da UNITA.

O líder histórico da UNITA nasceu a 03 de agosto de 1934, no Munhango, a comuna fronteiriça entre as províncias do Bié e Moxico, e viria a ser morto em combate após uma perseguição das Forças Armadas Angolanas a 22 de fevereiro de 2002, próximo de Lucusse, no Moxico.

A exumação dos restos mortais de Jonas Savimbi insere-se no quadro da "reconciliação nacional" promovida por João Lourenço - Governo e UNITA mantiveram uma guerra civil de 27 anos (1975/2002) -, que já permitiu realizar idêntico processo, concluído com uma homenagem ao mais alto nível, a um alto militar do exército do "Galo Negro", o general Arlindo Chenda Pena "Ben Ben", em setembro.

"Ben Ben" foi comandante do antigo exército da UNITA, as Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), e, após a breve reconciliação concretizada em 1998, foi designado ex-chefe adjunto das Forças Armadas Angolanas (FAA), quando, no mesmo ano, viria a morrer devido a doença.

Os restos mortais de "Ben Ben" estavam sepultados num cemitério em Zandfontein, próximo de Pretória, na África do Sul.

Hoje, no comunicado da reunião, o Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA, indicou, por outro lado, ter orientado o grupo parlamentar do partido para insistir junto da Assembleia Nacional nos pedidos da criação de comissões parlamentares de inquérito sobre os casos do Banco Espírito Santo Angola (BESA), sobre a dívida pública, sobre o Fundo Soberano e sobre a SONANGOL.

"Estes e outros casos que estão na origem do agravamento da pobreza que assola o país e do funcionamento ineficiente das instituições continuam envoltos num manto de silêncio sem que o soberano saiba a verdade sobre as causas da sua desgraça, apesar da Constituição do País lhe garantir o direito de se informar e ser informado, sem impedimentos", lê-se no comunicado.

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