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Quarta, 09 Janeiro 2019 18:30

Intervenção da Igreja aumenta risco de impasse sobre resultado eleitoral na RDCongo

A consultora Eurasia considerou hoje que as alegações da Igreja Católica de que o líder da oposição da República Democrática do Congo venceu as eleições presidenciais dificultam a manipulação dos resultados por parte do Governo.

A consultora de risco destaca que estas alegações reduziram as possibilidades de vitória do candidato do poder, Emmanuel Ramazani Shadary (o 'delfim' do atual Presidente, Joseph Kabila), de 75% para 60%, aumentando a pressão da oposição.

A consultora sustenta que Joseph Kabila e os seus aliados dificilmente aceitarão a vitória do líder da oposição, Martin Fayulu, mas "existem agora 30% de possibilidades de o Presidente chegar a acordo com outro líder da oposição, provavelmente Felix Tshisekedi, que seria então declarado vencedor".

A Igreja Católica, que deslocou 40 mil observadores para as eleições e ameaçou divulgar a sua contagem paralela dos votos se a comissão eleitoral não anunciar o verdadeiro vencedor, atrapalhou o plano de Kabila para instalar Shadary como seu sucessor e poderá implicar "semanas ou meses de instabilidade política" enquanto o Presidente negoceia com a oposição.

Segundo a Eurasia Group, o desfecho mais provável é Shadary ser declarado vencedor seguindo-se protestos que serão violentamente reprimidos pelas forças de segurança, mas a intervenção da Igreja dá à oposição mais poder para desencadear os protestos e forçar o Governo a negociar uma partilha de poder.

Abre também o cenário alternativo de declarar Tshisekedi como vencedor, com Shadary e outros apoiantes de Kabila a ascenderem também a posições de poder (30% de possibilidades, diz a consultora).

Já Fayulu, apesar de ter liderado as sondagens, tem apenas 10% de hipóteses, devido à falta de confiança do presidente e seus aliados e ao facto de a sua popularidade ser uma ameaça para Kabila, que não descarta a possibilidade de se recandidatar em futuras eleições.

Se Shadary for declarado vencedor, as ruas serão a única forma de Fayulu contestar o resultado, já que o tribunal constitucional, o órgão mandatado para resolver disputas eleitorais, é composto por apoiantes de Kabila, incluindo o seu próprio advogado.

Os poderes regionais, como Angola, Ruanda e África do Sul, bem como órgãos multilaterais como a União Africana e a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) têm sido comedidos nas críticas e não estão interessados numa intervenção militar para garantir um resultado democrático.

Mas a comunidade internacional deverá tentar mediar um acordo entre as partes para limitar a violência e alguns parceiros e membros da SADC, como Angola, África do Sul e Zâmbia, podem desempenhar um papel fundamental.

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