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Quinta, 03 Janeiro 2019 10:48

Ministro angolano desdramatiza entrada de angolanos no Brasil

O ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, disse quarta-feira, em Brasília (Brasil), não temer as possíveis restrições do Governo de Jair Bolsonaro à entrada de imigrantes angolanos no Brasil.

O Presidente brasileiro tem criticado a Lei de Imigração aprovada no ano passado e prometeu a adopção de parâmetros rigorosos para a permanência de estrangeiros no Brasil, refere o Jornal de Angola na edição desta quinta-feira.

Primeiro homólogo a ser recebido pelo novo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, Manuel Augusto alegou que três em cada quatro angolanos que solicitam o estatuto de refugiado no Brasil são, na verdade, originários de outros países africanos e vítimas do tráfico de pessoas.

Segundo o ministro das Relações Exteriores, as autoridades migratórias de ambos os países já trabalham conjuntamente na identificação e na prevenção do tráfico de pessoas.

Explicou que, em Angola, a “Operação Transparência” permitiu o regresso voluntário de mais de 400 mil imigrantes sem documentos. Para Manuel Augusto, Angola é “vítima da imigração ilegal” por ser um dos maiores produtores de diamantes do mundo.

“Temos uma imigração ilegal em Angola de cerca de dois milhões de pessoas”, afirmou, depois do encontro com Ernesto Araújo.

Segundo o diplomata, não há razões para os angolanos pedirem asilo político no Brasil, pois “a guerra em Angola terminou há 16 anos”, tendo reforçado o facto de o país não ter prisioneiros políticos.

O ministro das Relações Exteriores representou o Chefe de Estado, João Lourenço, na cerimónia de posse do Presidente Jair Bolsonaro.

Os dois países têm inúmeros acordos de cooperação, apoiam–se mutuamente nos organismos internacionais e alimentam uma corrente de comércio de 853,3 milhões de dólares – com superávit de 420 milhões de dólares para o Brasil.

Durante o encontro com Ernesto Araújo, o ministro Manuel Augusto expôs o desejo de Angola prosseguir com a cooperação bilateral nas áreas económica e cultural e no combate à corrupção.

À imprensa, o ministro das Relações Exteriores disse que as declarações anteriores do Presidente Bolsonaro a favor de uma maior sintonia do Brasil com os Estados Unidos, em detrimento dos países em vias de desenvolvimento e contra a protecção às minorias no país, são “discursos de campanha, voltados para dentro”.

“O Brasil é um país tão importante no mundo que só pode ser positivo. Nós valorizamos o desejo do Brasil continuar a ser um grande “player” internacional e, no caso específico de Angola, queremos ser parceiros estratégicos”, afirmou o governante.

Ernesto Araújo reiterou o desejo do Brasil dar continuidade à cooperação com a África e, no caso de Angola, “isso ficou registado”, completou.

Na cerimónia de posse de Jair Bolsonaro estiveram dez Chefes de Estado, incluindo o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e o de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca.

 

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