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Segunda, 19 Novembro 2018 18:06

Angola tem dois anos para lançar reformas antes das eleições - Alex Vines

O diretor para África do Instituto de Relações Internacionais britânico (Chatham House) considerou hoje que o Presidente de Angola tem uma janela de oportunidade de dois anos para fazer reformas significativas antes de entrar em período eleitoral.

"Há uma janela de oportunidade para João Lourenço de dois anos, antes das eleições de 2022, para fazer reformas significativas; consolidou o poder como líder partidário e chefe do Governo, agora as reformas têm de ocorrer", disse Alex Vines em declarações à margem da conferência 'Angola: Que mudança?', organizado pela UCCLA e pelo Clube de Lisboa, que decorre hoje em Lisboa.

"Com o aproximar das eleições de 2022, esse vai ser o tema principal, portanto é agora, ele tem dois anos para fazer reformas significativas", vincou o investigar britânico.

Para Alex Vines, que começou a estudar o país em 1982, "a primeira fase de João Lourenço foi de consolidação total do poder, primeiro no Estado, depois no partido, e agora a segunda fase é consolidar mais e levar as reformas para terrenos mais difíceis", acrescentou, elencando a reforma na petrolífera nacional Sonangol, a segurança e a banca como áreas com intervenção necessária.

"As reformas podem não estar cumpridas até 2022, mas agora é a oportunidade de as começar", disse, reforçando que "algumas foram preparadas no papel há um ano, mas agora é tempo de as realizar".

A calendarização apresentada por Alex Vines assenta nos resultados das últimas eleições, que o MPLA venceu com mais de 60% dos votos, mas Vines sublinha que "o MPLA mal conseguiu segurar Luanda, e por isso as políticas de João Lourenço são essencialmente sobre a Angola urbana, religar o MPLA com o voto urbano, já que as áreas rurais têm outra dinâmica".

O que vai permitir ao MPLA ganhar votos nas próximas eleições, já que "as velhas lealdades já não podem ser garantidas, é gerar melhores emprego, melhor educação e melhor saúde, e João Lourenço entende isso", concluiu o investigador.

Sobre a visita do Presidente angolano a Portugal, Vines exemplificou que "se estivesse cá no ano passado nesta altura, estaríamos a falar de um fantoche, e seis meses depois era um exterminador, mas na realidade, João Lourenço está algures a meio caminho", sublinhando que as reformas são muito complicadas de fazer em Angola.

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