João Lourenço discursava no Fórum Empresarial Estados Unidos/Angola, dois dias antes de fazer uma intervenção nos trabalhos de 73.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, precisamente no dia em que passa um ano sobre a sua tomada de posse como Presidente de Angola.
Na intervenção no fórum, João Lourenço lembrou que os Estados Unidos da América sempre foram um dos maiores parceiros de Angola e realçou que o país entrou num "novo ciclo político", com o aprofundamento do processo democrático e o reforço da sua abertura ao exterior.
"Há uma nova visão sobre o papel e a importância do setor empresarial privado, do investimento estrangeiro na economia nacional. De há um ano para cá que Angola está realmente mais aberta ao investimento privado estrangeiro e a um diálogo, concertação e colaboração mais próxima e permanente com os organismos financeiros internacionais", contextualizou.
Nesse sentido, lembrou a adoção de reformas económicas e financeiras, com vista à estabilização macroeconómica e de consolidação fiscal, de medidas legais tendentes a facilitar os processos burocráticos e a circulação de pessoas, do combate contra a corrupção e a impunidade.
"Julgamos estar a melhorar o ambiente de negócios e a criar as condições para apoiar o empresariado nacional, público e privado, e atrair também o investimento estrangeiro. A nova Lei do Investimento Privado e a Lei da Concorrência, assim como a nova política cambial, reduzem drasticamente os entraves ao investimento e garantem maior proteção legal aos investidores estrangeiros, permitindo-lhes transferir para o exterior os seus dividendos e lucros e o repatriamento de capitais", explicou.
O Presidente de Angola realçou que há menos de uma semana foi aprovado um novo tipo de visto, o de "investidor", uma "inovação" por se tratar de uma facilidade concedida aos que, investindo no país, terão um tratamento diferenciado em termos de entrada e permanência em território nacional para acompanhamento dos seus projetos.
Ao indicar a pretensão de revigorar o setor privado angolano, João Lourenço recordou que Angola é "rica em recursos mineiros, energéticos e agrícolas", pelo que o caminho está aberto.
João Lourenço admitiu, por outro lado, a necessidade de maior investimento em infraestruturas e obras sociais, uma vez que, apesar do grande investimento já feito, continuam a ser "insuficientes" em domínios "tão básicos" como água, energia, educação e saúde.
"Temos consciência de que necessitamos da participação interessada e mutuamente vantajosa dos nossos parceiros internacionais, para realizarem investimentos de médio e longo prazo em sectores-chave da nossa economia, com tecnologia de ponta, e 'know-how' que só o investimento privado estrangeiro pode garantir", apelou.
João Lourenço lembrou as necessidades de Angola, começando pela relação com as companhias petrolíferas, em especial, e prosseguindo com outras áreas de atividade económica e social, como serviços financeiros, consultoria e auditoria, finanças, tecnologia de informação, medicina, agricultura, hotelaria e turismo, pescas, energia e águas, construção, transportes, comunicações, indústria transformadora e do comércio.
"Dispomos de outros minérios, como o ouro, o cobre, e metais raros por explorar e para os quais convidamos também os investidores americanos", apelou.
"A indústria diamantífera tem nova legislação que acaba com o quase monopólio existente até há pouco. Sentimos em pouco tempo a manifestação de regresso das grandes multinacionais do ramo, interessadas em investir em toda a cadeia, desde a exploração e produção à comercialização das pedras em bruto e ao investimento na indústria transformadora de lapidação e sua transformação em joias, o que traz valor acrescentado ao produto e garante mais emprego local", prosseguiu.
Para João Lourenço, este é o contexto de uma "nova Angola em apenas um ano", com um novo ambiente de negócios "amigo do investimento".
"Estou certo de que não deixarão de aproveitar a oportunidade de contribuir de forma decisiva para a consolidação de uma nação democrática e aberta à livre iniciativa numa das regiões potencialmente mais ricas de todo o planeta", terminou.