A informação foi prestada em conferência de imprensa, orientada pelos membros Laíz Eduardo e Ndonda Nzinga, em representação dos 50% +23 membros do Comité Central da FNLA que convocaram, para 19 a 21 do corrente mês, em Luanda, o congresso extraordinário inclusivo para à eleição do Presidente.
O Comité Central da FNLA é composto por 411 membros. O estatuto partidário dita que, para além do Presidente, 50% +1 do total de membros do Comité em efectividade pode convocar um congresso.
Demitiram-se das funções, entre outros, os secretários André Nicodemus (Controlo e Disciplina), Aguiar António Laurindo (Assuntos Políticos), João da Silva Bengui Vindo (Ciências e Tecnologia), Jaime Paulo Lando (Assuntos Sociais, Saúde e Ambiente), Branca Castelo Branco de Água Rosada (Assuntos Religiosos, Cultura, Juventude e Desporto), Suzana Paulo dos Santos (Associação da Mulher Angolana - AMA).
Segundo os interlocutores, os secretários nacionais alegam que o partido vive, nos últimos oito anos, uma grave crise estrutural como resultado da inoperância da direcção, minada por intrigas, práticas arbitrárias e anti-democráticas que obrigam a fuga de quadros e militantes.
O congresso decorrerá sob o lema “Angola salve a FNLA, um dos seus patrimónios históricos, uma divida moral”. Inicialmente, estava para ser realizado de 28 a 30 de Dezembro de 2017, em Luanda, mas adiou-se para busca de consenso com Lucas Ngonda.
O presidente da FNLA convocou, para 25 a 28 do corrente mês, na cidade do Huambo, o II congresso extraordinário para definir a sua posição sobre às eleições autárquicas em Angola e a estratégia do partido para os próximos desafios.
Os secretários Massamba Januário Monteiro (adjunto dos Assuntos Sociais, Saúde e Ambiente), Bento Wazeya M. Destino (adjunto para Saúde), Teresa Domingos Gabriel (adjunta da Associação da Mulher Angolana - AMA) e Daniel Landa (director nacional da Secretaria-Geral) também demitiram-se.
Em declarações recente à Angop, António Fernando Pedro Gomes, membro do Comité Central e do Bureau Político da FNLA, precisou que o conclave resulta da relutância do Presidente e tem como fundamento receios de uma eventual extinção do partido, na sequência das debilidades de unidade e de funcionamento das estruturas.
“Antes de partir para esta iniciativa, solicitámos ao Tribunal Constitucional para mediar entre os membros do Comité Central e a direcção, no sentido de haver um entendimento, mas, infelizmente, Lucas Ngonda negou redondamente à unidade do partido, enquanto premissa fundamental já debatida no congresso de 2015, gorando toda a expectativa”, explicou.
Informou que a nível do secretariado, Lucas Ngonda funciona neste momento com três ou quatro pessoas, o que inviabiliza uma reunião do secretariado, do Bureau Político e, muito menos, do Comité Central.
“Numa tentativa de continuar a trabalhar, encontramos secretários provinciais que nem sequer são membros do Bureau Político ou do Comité Central, quando o Estatuto deixa claro que estes devem fazer parte destes órgãos”, precisou.
Para este congresso, disse que foram convocados também Lucas Ngonda e Ngola Kabangu que, durante muito tempo, dirigiram a FNLA, partido fundado por Álvaro Holden Roberto.
Segundo o político, os membros do comité central procuram, com este congresso, pôr fim a crise interna na FNLA, vigente há mais de 20 anos, por formas a contribuir no processo de desenvolvimento e democratização de Angola.
Tendo em conta a sua história, a FNLA tem uma palavra a dar para o bem dos angolanos. Só organizada, unida e forte, o partido poderá se expressar e concorrer em pé de igualdade com as outras formações políticas, nesta fase em que se preparam às autarquias em Angola, aferiu.