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Quinta, 04 Janeiro 2018 07:58

MPLA e a saída de Dos Santos

Em jeito de entrada, 2018 nos oferece, de imediato, uma apreciação aos 100 dias da presidência de João Lourenço, depois de se ter testemunhado o seu brilharete na campanha eleitoral de Agosto de 2017, através da qual chegou ao poder no dia 26 de Setembro após uma importante vitória no pleito.

Por Altino Matos

JLO, o tratamento de carinho do Presidente João Lourenço, manteve, até aos seus “100 dias”, uma postura firme e dedicada às famílias e às instituições, em estrito respeito ao povo e cumprimento ao programa de governação do MPLA. Mas 2018 tem mais para dar, pois, e por falar em MPLA, o grande partido dos camaradas, no poder desde 1975, coloca-se, agora, perante si mesmo, atender ou não o desejo de saída do seu líder: José Eduardo dos Santos.

O país foi apanhado entre um “ar de surpresa e expectativa” em Março de 2016 com a decisão de abandono definitivo da política activa de José Eduardo dos Santos, pela sua própria voz, perante os militantes, amigos e simpatizantes do MPLA. José Eduardo dos Santos explicou à nação que a decisão passava, primeiro, por não se candidatar a mais um mandato, a que tinha direito por lei, segundo, por levar o partido à vitória e, terceiro, deixar, então, em definitivo a vida política.

Chegou a hora da grande decisão, e a responsabilidade de tal acto recai para as estruturas superiores do partido e da pessoa e família do presidente José Eduardo dos Santos. O MPLA, na sua última comunicação ao país, mostrou que não preparou a saída do seu líder. Norberto Garcia, secretário para a informação, sobre o assunto afirmou que o partido não tinha em “mente” qualquer data de um provável congresso extraordinário.

Ao nível especulactivo, vão chegando coisas ao espaço público que dão conta de uma divisão dentro do MPLA sobre a saída definitiva do seu líder. Estamos em presença, segundo tais informações, de militantes a favor e de outros que estão contra o seu abandono da política activa. Por se tratar de uma figura política de dimensão internacional e de um partido com responsabilidades na estabilidade de Angola e de África, como ficou demonstrado em várias ocasiões, qualquer angolano sensato rejeitaria a condição de colocar-se à margem de um processo político de cuja  vida e de milhões de seus concidadãos depende. Nesse espírito, passamos a analisar as possibilidades. Porém,uma pergunta de retórica é colocada: o que perderia o MPLA com a saída definitiva de José Eduardo dos Santos? A grande questão na verdade é esta.

Mas, se quisermos, podemos colocar a questão de outra maneira: a quem interessa a continuidade de José Eduardo dos Santos? O líder do MPLA quando colocou como meta 2018, punha em marcha um processo de transição política, assente na mudança de poder pela “substituição” do mais alto magistrado da República e pela alteração de todo cenário de competição e função das instituições, bem como do papel do próprio Estado. Este processo está perto da sua conclusão, cuja última etapa passa pela saída de José Eduardo dos Santos.

O caminho até aqui percorrido exalta, mais uma vez, a grande capacidade de José Eduardo dos Santos na condução de processos complexos e a sua visão política para prever cenários favoráveis à estabilidade e entrada de novos pensamentos. Por isso os argumentos pela continuidade de que Dos Santos, seus familiares e pares podem ser vítimas de “maus tratos”, não passam de jogadas baixas. A verdade é esta, nenhum de “nós” vai permitir isto. Os Serviços de Inteligência e os orgãos de Defesa e Segurança não vão deixar; o poder político, o Executivo e a Presidência da República não vão deixar. E, de forma individual, o Presidente da República, João Lourenço, não vai permitir qualquer forma de perseguição. Aliás, João lourenço nas suas alocuções tem deixado a mensagem de forma clara: Não se deve entender o cuidado em repor a ordem e outros meios, como financeiros e patrimoniais, à disposição do Estado, com perseguição de pessoas ou famílias. Por conseguinte, José Eduardo dos Santos deve sair, para o seu bem pessoal e familar e pela preservação da sua “imagem política”. JA

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