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Segunda, 22 Mai 2017 13:34

O meu slogan é "distribuir melhor para crescer mais"

Em vésperas de eleições, os partidos andam à procura de um slogan que mobilize os angolanos.

Por Carlos Rosado de Carvalho

O MPLA já escolheu "corrigir o que está mal, melhorar o que está bem". Ao mesmo tempo que reconhece que nem tudo está bem, também reafirma que nem tudo está mal.

Os camaradas "ignoraram olimpicamente" uma sugestão que fiz na minha coluna Economia 100 Makas do final de 2013 para adoptarem o slogan "distribuir melhor para crescer mais". Já então era visível que o slogan "crescer mais para distribuir melhor", adoptado nas eleições de 2012, dificilmente seria cumprido, como não se cumpriu efectivamente - vide Laboratório Económico do professor Alves da Rocha nesta edição.

A primeira parte do novo slogan que propus e agora retomo, "distribuir melhor", diz bem com a época que atravessamos. A solidariedade, em especial com os que menos têm e mais sofrem, é dos valores com cotação mais elevada em época eleitoral. Mas não é por causa da caça ao voto que defendo uma melhor distribuição da riqueza em Angola.

A razão por que o faço é, sobretudo, económica.

O crescimento económico de um país mede-se pela variação real anual do seu Produto Interno Bruto (PIB). O PIB corresponde ao somatório dos bens e serviços finais produzidos numa economia durante o ano.

Por sua vez, os bens e serviços finais produzidos numa economia durante um ano não são mais do que a soma do consumo, dos gastos públicos, do investimento e das exportações, menos as importações.

Quanto mais rico se é, maior a tendência para consumir bens e serviços importados - grande parte do que comem, bebem e vestem vem do estrangeiro; os filhos estudam lá fora e também é lá fora que tratam da sua saúde; tão pouco as suas mobílias, os seus electrodomésticos e os seus carrões são fabricados cá. Como referido anteriormente, os bens e serviços importados não contam para o PIB.

Já com os mais pobres sucede o contrário, têm tendência a consumir mais bens e serviços produzidos em Angola - a maior parte do seu orçamento vai para alimentação, bebidas e vestuário, bens mais susceptíveis de serem fabricados localmente; os seus filhos estudam no País e tratam-se em hospitais nacionais.

Uma vez que o consumo dos mais pobres tem uma componente nacional maior do que o consumo dos mais ricos, uma melhor distribuição da riqueza contribuiria para potenciar a produção nacional, isto é, para crescer mais.

Expansão

 

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