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Sexta, 14 Outubro 2016 12:13

Partidos Políticos Angolanos denotam displicência nos métodos estratégicos

Pode-se compreender o marketing eleitoral como uma relação entre partidos/candidatos com o eleitorado.

Por Anacleto José Morais*

Para que esta relação seja efetuada com qualidade de formas a surtir o efeito desejado, a organização política deverá seguir no mínimo as seguintes etapas:

•Sondagem

•Plano estratégico 

•Plano operacional das estratégias e tácticas

Tais etapas são extremamente importantes para um início saudável de campanha eleitoral, se forem negligenciadas podem comprometer o desempenho do plano de campanha.

Tendo as eleições de 2017 como meta, os principais partidos políticos Angolanos começaram a fazer as suas campanhas eleitorais, com destaque para o MPLA, UNITA e CASA-CE.

Neste início de campanha, um facto que salta a vista dos olhares mais atentos, é o uso frequente de mensagens negativas no contacto com o seu respectivo eleitorado. Não obstante a mensagem negativa ter um impacto maior que a positiva, não é aconselhável no início de uma campanha optar-se por mensagens negativas, principalmente na África Subsariana onde há carências multissectoriais. Estrategicamente é recomendável que os partidos arranquem as suas campanhas com mensagens positivas, ou seja, inicialmente devem definir-se diante do seu eleitorado-alvo antes de serem definido pelo seu  opositor , posteriormente devem  passar para mensagem comparativa, ou seja, devem  mostrar ao seu eleitorado as vantagens que possuem com relação  aos o seus concorrentes, só depois devem  fazer uso  da mensagem negativa (atacar e definir o seu concorrente diante do eleitorado-alvo).

Outra situação constada neste início de campanha por parte de alguns partidos, particularmente nos partidos CASA- CE e UNITA, é a falta de um diferencial nas mensagens. Como o segmento populacional mais atractivo esta praticamente identificado, aliás, na áfrica Subsariana, particularmente em Angola, ao invés de identificarmos um número elevado de eleitores indecisos, depara-se ainda com uma percentagem elevada de eleitores desinteressados, eleitores que vivem ainda uma democracia inconsciente, sem uma noção clara da importância do processo eleitoral. Se olharmos para os dados do último censo eleitoral, 47.9 % da população Angolana não tem nenhum nível de escolaridade, este relatório mostra ainda que só 10% da população faz uso da internet e só 9,9% faz uso do computador. Os partidos cientes do grau de atractividade deste segmento, estão a actuar nele com mensagens semelhantes. Quando todos partidos procuram essencialmente o mesmo segmento, com a mesma mensagem, torna-se indispensável uma alteração inovadora. Neste momento, é urgente que estes partidos definam uma estratégia de diferenciação, devem questionarem-se porquê que os eleitores devem por exemplo votar na UNITA e não CASA–CE e vice-versa. Só assim poderão adquirir um posicionamento confortável e levar  vantagem competitiva.

No tocante aos partidos como o PRS e a  FNLA, pouco ou nada ouve-se, a FNLA por causa dos problemas internos,  neste início de campanha, praticamente não tem dado nas vistas, já o PRS, tem aparecido mais precisa urgentemente  de adaptar-se ao contexto. Á título de exemplo, recentemente ouvimos um dirigente do PRS a dizer o seguinte disse:

“Nós estamos a ver e os outros também informaram das suas províncias que a adesão é um pouca e sempre dizem que já não têm a quem votar e por isso estão nas casas”

 Este tipo pronunciamento a imprensa mostra que o PRS carece de um plano de comunicação estratégica, se o tiver esta engavetado, é como que estive-se a  oferecer  o ouro ao opositor. 

De recordar, que o PRS nos anteriores processos eleitorais, denotou alguma inclinação a mobilização étnica ao povo bantu Quioco (Tshokwe) localizado na região leste de Angola, fruto deste método conseguiu alcançar votos para cadeiras parlamentares. 

Neste momento, o partido PRS e outros partidos Angolanos que fazem uso da mobilização étnica e de outros métodos não sugeríveis, devem urgentemente redefinir o seu planeamento e adequa-lo aos princípios democráticos, devem prescindir de mobilizações que procuram manipular com racionalidade a irracionalidade do eleitorado-alvo.

*Mestre em Gestão estratégica e marketing político

 

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