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Sábado, 05 Janeiro 2019 13:30

Luther não se deve ajoelhar perante os problemas nem sequer perante os seus actores

As velhas concepções de Luanda, nunca se calaram, marcadas por administrações completamente desorganizadas, de recordar que até documentos desaparecem na posse das administrações municipais feito o vento movido de um terreno à outro.

Por João Henrique Hungulo

Com seus hospitais marcado por um talento exacerbado nos termos da desordem e da autêntica negligência aos doentes. Os doentes ficaram ao relento, sem eira, nem beira, porque foram - lhes negados todos os direitos até o direito de serem tratados.

O lixo é dos miseráveis troféus que Luanda herdou da sua imensidão populacional, a produção urbana do lixo em Luanda, já há muito supera a densidade populacional angolana.

A velha cidade - madrasta que Luther Rescova quer transformar numa cidade mãe, não é uma coisa qualquer. Há anos sabem os políticos, que quem governa Luanda governa Angola. As imensas razões que colocaram o ex – governador Mendes de Calvário entregue à sua sorte, sem remédios capazes de curar os mais diversificados problemas que o atacavam como um enxame de abelhas, é a mais clara prova de que não é fácil governar Luanda. Anibal Rocha, seria o único exemplo de servir, que soube dignificar a governação angolana, por marcar em Luanda uma trajectória que comoveu corações, as suas acções deixaram marcas na memória dos luandenses, que nem a pólvora, nem o fogo, nem tão pouco a traça ou mesmo a ferrugem conseguem destruir. Anibal Rocha é sempre lembrado como o “senhor da boa governação”, por ter realizado aquilo que muitos jamais conseguiram fazer. Foi o pioneiro das pontes em Luanda, tentando trazer uma metrópole à Luanda, através da mudança do seu rosto. A sua saída veio como um susto a Luanda, até então, muitos se questionam. Parece que governar Luanda, é similar a Governar a nação inteira, porque desde o ponto de vista da magnitude dos problemas vividos em Luanda, a soma do seu ápice supera todo o País.

  1. Luther deve dar um novo rosto à Luanda

A turba militar, com a sua exuberante petulância temerária, argamassar em Luanda a terra fértil para impor ordens, como se fazem os batalhões de guerra, como se notou nas seguentes palavras de um anónimo governante de Luanda: “Essa foi ordem superior meu caro General, — deixa – te disto, nós aqui é que mandamos, faça o que eu disse, esqueça o resto, eu sou general, de resto eu trato.”.

Os “Gingantes” em Luanda transformam governadores num fracasso, em simples servos. Luanda é intitulada como a terra dos Leões, desde a corte marcial, aos líderes supremos do MPLA, que colocam e impõem as suas ordem transformando o Governador num simples servo, num fracasso total. “Será que Luther Rescova conseguirá transformar Luanda — a velha cidade - madrasta numa cidade mãe?”— É preciso que Luther tenha a coragem suficiente, tenha a afoiteza suficiente, senão a ordem impiedosa não o perdoará. É necessário que Luther Rescova seja suficientemente capaz de dizer “não” ao que acha ser desnecessário fazer ou ineficaz, e “sim” ao que acha ser suficientemente necessário fazer. Luther deve ter acima de tudo muita autoridade vestida de poder, para que qualquer que se impuser no seu caminho não mereça a atenção necessária para desnortear as suas ordens, e impor as suas. Luther deve ser capaz de respirar fundo e dizer: — “estou disposto à ir à guerra até ao final e não decepcionar o lugar que me foi confiado, devo zelar pelo cumprimento das metas que me foram confiadas, trazendo a disciplina e o progresso situado em Luanda,” a velha cidade – madrasta, lá onde todos mandam, e, até se confunde quem é o verdadeiro governador, se é o general? O ministro? O deputado? O filho do A, B, C? o empresário de elite? O marginal? Se Luther conseguir transformar Luanda a velha cidade – madrasta numa cidade mãe dos angolanos, então, diremos que Luther estará acima de Anibal Rocha, porque Rocha, governou Luanda numa era em que Luanda era suportada por fracos problemas sociais, aliás, nessa altura, o êxodo da imensidão população vindo dos variados pontos geográficos de Angola, permanecia ainda em sono. Hoje, Luanda cresceu, sua esfera populacional ultrapassa as expectativas e desafia a toda prova qualquer lugar do País. Enquanto as demais cidades de Angola são constituídas por duas ou três ruas apenas, sendo suportadas por bairros e municípios quase desabitados, Luanda é mais cheia que uma floresta inundada por plantas.

Luther deve ser tão corajoso para conseguir governar Luanda, deve ser frio o suficiente para engolir sapos, mas não deve ceder a desonra da sua autoridade, ir até ao limite, porque senão será engolido por leões, e não conseguirá dar sentido ao futuro desta província que há muito se tornou numa cidade - madrasta ao angolanos, por causa da matilha de Leões que a tomou de assalto, transformando Luanda numa terra de ordens superiores, invalidando as acções dos governantes, com administradores que fazem as suas, auto – orientados, desviam – se das orientações do Governador, e, vão ao fim dos seus próprios interesses até ao gozo do paraíso.

Se Luther se ajoelhar perante a matilha de Leões que habita Luanda, Luther será convertido em pó, seu poder se transformará num poder oco, que tem pernas mas não anda, tem olhos mas não vê, tem língua mas não fala. Caso isso aconteça, Luther será o simples governador simbólico, como tantos outros o foram, cuja autoridade se perdeu, e os gigantes assumirão o comando da coisa pública, os problemas em Luanda crescerão como musgos crescentes em troncos velhos. Luther deve ser um líder mau e um líder bom ao mesmo tempo, como disse João Pinto “(…) convém saber que existem duas maneiras de combater, pelas leis e pela força. A primeira é própria dos homens; a segunda é própria dos animais. Mas como muitas das vezes, aquela não chega, há que recorrer a esta, e, por isso, o príncipe precisa de saber ser animal e homem. (...).” Luther deve ser tão chefe, como tão líder, tão animal, como tão homem, deve mandar e deve pedir opiniões aos seus súbditos, deve orientar, mas também, deve situar – se face a vontade dos que lhe são inferiores. Deve manter a postura de um líder em certas circunstâncias, mas quando o poder estiver em causa, deve impor a autoridade de um chefe para que o centro da gravidade do poder não se desloque de Luther aos Gigantes que abarcam Luanda, a velha cidade madrasta.

  1. Luther não se deve humilhar perante os problemas nem sequer perante os seus inventores

Luther deve colocar de longe a grandeza das pessoas, ignorar essa essência, deve negligenciar o grau de influência dos que estiverem à sua mira, deve colocar em primeira linhagem a acção, sem se interessar com quem seja que seja. Na sua visão todos, mas todos, devem ser considerados como cidadãos normais que devem cumprir as orientações impostas pelo Estado angolano. Deve colocar o medo no cofre, e vestir o rosto de Maquiavel em certas circunstâncias, assim como o rosto de um sacerdote em certas circunstâncias. Devem ser as circunstâncias e os seus actores, que se devem ajoelhar aos pés das suas orientações e não o contrário.

Há tantos homens com poder mas sem autoridade, que, por fim, acabam perdidos no mar de problemas sem conseguirem mudar em absolutamente nada no curso natural das coisas, orientam, mas ninguém cumpre, porque o elevado grau de insubordinação está à altura de uma árvore, porque o líder perdeu autoridade, nem sequer sabe decidir sobre as variadas circunstâncias que lhe são impostas, parafraseando Alfredo Martini “Poder sem autoridade é um vazio, autoridade sem poder é uma luta inglória”.

Há líderes com muito medo em decidir, outros com medo de fazerem face aos grandes efeitos das decisões. A decisão é a alma do planeamento estratégico em liderança. Um líder que não decide não resolve problemas, nenhum, aliás, será engolido pelos problemas como jacarés engolem as suas presas no rio Kwanza. Luther deve decidir e fazer cumprir as suas orientações, deve ser um Governador do terreno, um governador do campo, aliás, é jovem, como disse um jornalista “Os jovens são animados e exaltados, cheios de calor, se os jovens forem frios, o resto do mundo morrerá de frio”. Luther não deve esperar sentado numa cadeira, fazendo com que mentiras feitas em verdades lhe sejam servidas como refeição do dia - a – dia.

Luther deve caminhar, nas veredas, ou nas espinhas, na luz ou no escuro, no oceano ou nas profundezas dos rios das mabubas. Deve orientar os seus, deve fiscalizar os trabalhos à serem realizados e observar a qualidade do serviço e o resultado dos projectos e programas, deve lutar contra a famosa “gasosa” e a famosa “micha”. Não deve temer em exonerar aos que não estiverem em altura de satisfazerem os interesses que lhes foram confiados como disse Silva Tavares “um governador corajoso”:

“O senhor tem que dar um fim aquilo imediatamente, mesmo tratando – se de gente importante a transgredirem. Eu não quero saber das pessoas se são ou não importantes nesta sociedade. A ordem pública tem que ser restaurada. Contudo, se o senhor coronel, não se sente capaz de honrar os compromissos do cargo, eu arranjarei um substituto a quem possa dar ordens. É urgente acabar com a desorganização desta cidade.”

A desordem violenta não deve continuar no acampamento da cidade de Luanda, a solta, ante indisfarçável, por ser perpetrada por homens do poder e importante, que dizem na gíria: “Temos costas largas”. Luther deve avistar os problemas de Luanda na direcção dos bairros, ou zonas periféricas, lá onde os criminosos alarmam o bem-estar do cidadão, e há muito a paz deixou da habitar aquele espaço geográfico. Luther deve pôr fim ao motim servido num banquete de casta luandense que há muito deixou de ser civilizado.

Deve – se colocar de forma disfarçada nos Hospitais, sem que o vento perceba que Luther Rescova por lá passou. Hospitais como: Cajoeiros, Capalanca, Hospital Geral de Luanda, Hospital da Samba, Hospital do Avó Cumbi, centros de Saúde de Luanda dispersos na geografia de Luanda (…), Luther deve calar as vozes de médicos arrogantes e de enfermeiros frios que matam de forma silenciosa os doentes, por tê – los recusados assistir a saúde. Deve dar um novo sentido a coisa Pública, que há anos se tornou propriedade particular, há quem tenha mais autoridade na coisa pública que o próprio Estado. Outros transformaram as empresas pública do Estado nas suas casas que só os falta lá levarem lençóis e mobília pessoal.

Luther deve exercer um papel notável nos negócios da administração do Estado, deve dar novo sentido a sinistralidade rodoviária que tem uma marca quase inevitável, com estradas esburacadas e cheias de lombas, vias públicas às escuras, que nem se pode fazer à luz de palha. Deve enfrentar a força da agressividade com a força da razão, ao fazer face ao bando de marginais que de forma progressiva vai aumentando a forma de exprimir o carácter violento do crime em Luanda.

Deve eclodir – se na luta em prol de uma Luanda limpa e civilizada, de uma Luanda que deixa de ser a terra de “Gigantes” para ser a terra do cidadão civilizado. Daqui, deve partir para a qualidade de vida do angolano, simbolizando os compromissos do governo com o povo. Deve levantar – se de cabeça erguida para desnortear a “gang” de malfeitores que avolumou – se em Luanda, a velha cidade madrasta, mas também de todos os angolanos. Deve lutar em prol de uma cidade que há muito se transformar numa floresta de leões perigosos prontos a devorarem a autoridade dos governadores que por ela passam. Deve gritar alto:

“Pátria ou morte venceremos!”

“Luther Rescova, não se deve ajoelhar perante os problemas nem sequer perante os que os produzem.”

BEM – HAJA AO NOVO GOVERNADOR!

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