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Quarta, 04 Julho 2018 18:01

Até seis mil toneladas de milho e arroz foram abandonadas pela anterior administração do Fundo Soberano

O total de milho e arroz abandonado em silos pela anterior administração do Fundo Soberano de Angola (FSDEA) ronda as cinco ou seis mil toneladas, havendo da parte do Governo, uma solução  para evitar a perda dos cereais, segundo informação prestada pelo ministro da Agricultura à estação de rádio LAC.

Marcos Nhunga manteve ontem um encontro com o Conselho de Administração do FSDEA para debater a questão das 250 toneladas de arroz encontradas em estado de degradação no Cunene, depois de estarem armazenadas em silos há mais de dois anos.

O ministro declarou que há “uma orientação” para lidar com a situação dos cereais abandonados pela antiga administração do FSDEA, que transcende a Fazenda Manquete e envolve outras, no Cunene, Bié, Moxico, Sanza Pombo (Uíge) e Longa (Cuando Cubango).

Segundo apurou ontem o Jornal de Angola, os responsáveis dessas fazendas foram chamados de urgência a Luanda para resolver a controversa perda de cereais em silos abandonados, numa altura em que o Sul do país se debate com focos gritantes de fome e pobreza. O total de toneladas de milho e arroz que se encontra armazenado em silos na província do Cunene ronda as cinco ou seis mil toneladas”, afirmou Marcos Nhunga, prometendo que “o assunto estará em breve resolvido”.

As declarações do ministro da Agricultura reforçam as de Carlos Paim, presidente do conselho de administração da Gesterra - a empresa que dirigiu a Fazenda Manquete até Agosto de 2016 e que segunda-feira apontou responsabilidades pela deterioração do arroz, ao conselho de administração que substituiu em Janeiro, o empresário José Filomeno dos Santos.

“Não existe qualquer responsabilidade do Ministério da Agricultura e nem da Gesterra relativamente à comercialização destes produtos”, declarou Carlos Paím, reconhecendo que o arroz de Manquete foi produzido pela Gesterra e uma empresa chinesa que estava a gerir a fazenda .

“Infelizmente”, declarou Carlos Paim, naquele mesmo ano foi promulgado um decreto que transferiu a gestão das unidades agrícolas para as entidades geridas pelo Fundo Soberano, o que impedia, na altura, a Gesterra de tomar decisões quando à gestão e comercialização da colheita.

Carlos Paim afirmou que o Ministério da Agricultura tinha, na segunda-feira, enviado equipas técnicas para lidar com o caso no terreno, as quais também deram início ao processo de transformação e comercialização do produto, o que aparentemente é parte das soluções anunciadas por Marcos Nhunga.

Informações obtidas pelo Jornal de Angola em Ondjiva, do director do projecto, Paulino César, indicam a Fazenda Manquete é administrada pela Coferpo - uma contratada do FSDEA -, desde Novembro de 2017. Antes do FSDEA tomar o projecto, as operações eram lideradas pela Gesterra e uma parceira chinesa que tinha um contrato de cinco anos para dar maturidade à fazenda e entre-gá-la à parte angolana, mas esse consórcio ficou apenas três anos.

Segundo Paulino César, a Coferpo tem-se revelado tão pouco produtiva, em relação à sementeira desta época, em Fevereiro e Março, plantou apenas 36 hectares, contra cem hectares cultivados e uma colheita de 252 hectares na anterior.

O director da Fazenda Manquete declarou que o descasque do arroz armazenado em 2016 não aconteceu porque o FSDEA entregou a gestão à Coferpo e “mandou embora” os chineses e que o cereal em “stock” ainda está em condições de ser descascado e ser consumido “normalmente”. “Os insectos não atingiram o grão branco, porque possui uma casca rija”,referiu.

Descobertade cereais armazenados em projectos agrícola do FSDEA

250 toneladas na Fazenda Manquete
5-6 mil toneladas em projectos geridos pelo FSDEA
1.500 hectares cultivados na Manquete em 2016
252 hectares plantados  em 2017
36 hectares plantados em 2018

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