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Segunda, 18 Junho 2018 00:03

25 de maio: “dia da África ou dia do mito de uma mãe descalça e rota?

Enquanto muitos se colocam no pé do aplauso no dia da África, ao invés de reflectir e repensar África, eu não me rendo aos encómios, porque não há nada no mundo que sabe agigantar – se dos aplausos e dos cantares de panegírico. Não podemos fazer isso para alguém que não merece fazê – lo. Aplaudem – se os vitoriosos como dever cumprido na missão que tiveram.

Não se pode exaltar a miséria, o ódio, a corrupção, a perseguição, as guerras, o subdesenvolvimento, os Boko Haram, as iniquidades, o desastre, que na verdade, queiramos ou não, são a chapa de matrícula que exprime a analogia do continente berço. Vinte e cinco de maio nos assaca para um dia do mito e de uma mãe desempedrada e rota e não de um dia de solenidades e de saraus.

África, embora, a tenhamos de tratá – la por mãe, ainda assim nos sentimos órfãos desta mãe por nos ter dado à sua sorte a vida na lástima, e nos ter colocados à deus permitirá, feitos órfãos dos maus tempos que consagram – nos o mal – estar e a sinistra qualidade de vida em África, para somente nos dar como património espontâneo e forçoso o que lhe sobeja de padecimento, constrição e mal – delicadeza. Deitados num chão vítima da ira vomitada pela pobreza material, ainda assim, nos atentamos na expressão exaltada de uma África que nada mais quer nos dar como herança.

Para onde vais África? Sem nada ao seu alcance para dares como herança de valor aos seus descendentes? Até então, se matuta seres tu, nossa mãe, rica e garbosa, porém, a sua presunção, não passa de uma desgraça escondida no vórtice.

África é um continente onde a dilação intelectual e económica, se reservam na trajectória da sua existência como passos gigantescos, revelados na sua expressão central de existência, os registos de um progresso sem significado físico nem material, são fortes e numerosos. A tecnologia e a ciência em África estão coxas e quase cegas, se existem, são as gotas.

É mister miséria que faz de África uma heroína de causa desajustada, esta miséria, já nos fez órfãos de um tempo sem futuro, de um destino vago e sem espaço de praxe, por nos ter dado como herança improvisada apenas a pobreza material e desgraça como troco de um tempo sacrificado. Em países como Zimbábue, Congo, Somália, Moçambique, Angola, Sudão, Etiópia, os seus filhos vivem de fragmento colhidos nas fendas do lixo e cozidos sem sal.

Essa é a verdadeira África, não a exaltada por muitos como um continente brilhante e poderoso. África se faz num continente cheio de contradições, que fazem a sua história como o continente dos conflitos e dos tramas adversados, ao longo da sua existência os seus filhos, já bateram – se várias vezes, fazendo deste continente o continente do verter do sangue, a história conta como esse continente passou de berço da humanidade para berço da desumanidade, expressão última caracterizada com o seu teór conflituoso marcado por trinta vezes de conflitos armados, o que resultou em 7 milhões de mortos, 13 milhões de deslocados e 5 milhões de refugiados. Estima-se que os danos económicos causados pelos conflitos armados andam a volta de 250 biliões de dólares norte americanos, só para o período de 1980 à 1986, esta é a África a única que a temos como herança, de facto, sabemos que nada temos, senão a miséria e a vida crítica de seus descendentes, que arrastam – se nas ruas implorando oportunidades de vida.

África, não passa de uma mãe grávida com vestido rasgado.

Seu tecido intelectual é um autêntico estrépito, vê – se que os bons cérebros fogem de África e vão à busca de integridade e de qualidade de vida à outros continentes, e tu África, somente te resta o resto, porque os seus melhores cérebros não estão aqui, os seus melhores pensadores afugentam – se do seu cheiro nauseabundo que corre das seus sovacos mal lavados.

África continente infecundo que prefere valorizar a matéria e não a ideia, o dinheiro e não o tecido intelectual, corre no sentido inverso aos restante, ao invés de enaltecer a massa humana, enaltece as riquezas; logo, esta razão, faz de África, cada vez mais última, porque tal quanto dizia Adam Smiss na História da Evolução do Pensamento Económico: são as ideias o maior tecido económico de um Estado”.

São essas análises que irão expor possíveis erros  e  grandes   passos para África,  que serão posteriormente incorporados ou retirados da economia actual de miséria que faz de África refém do atraso, para poder conduzir o surgir de uma África cujo potencial económico é forte e evoluído, tornando a economia africana numa alavanca de desenvolvimento para os povos que banham esse continente.

Os japoneses construíram uma pátria forte e desenvolvida em cima de pedras, fizeram – se realizados, pensando primeiro e agindo depois, num horizonte racional e de planos que se integram com as circunstâncias hodiernas, as ideias falaram antes da matéria no Japão. Os holandeses, não ficaram amarrados sobre as costas do progresso, foram ainda mais além, pensaram, planificaram, e avançaram, construíram um País em cima das águas, onde não havia terra nenhuma, conquistaram terras onde somente oceano havia. Há séculos, eles enfrentam um duelo. De um lado, um país abaixo do nível do mar. Do outro, a força das águas que invadem a Holanda. E essa batalha começou com a construção dos diques, uma questão de sobrevivência. Os holandeses aprenderam a erguer o solo. Para aumentar a quantidade de terra firme.

Mas nós os africanos, o que fizemos de então, como legado para o planeta terra?

Para além de disseminar ódio para os povos de África, pobreza material ou intelectual, ambição, ganância, orgulho, corrupção, egoísmo, egocentrismo, extrema falta de solidariedade, pouco, ou nada, fizemos como sentido de causa que faça juízo da nossa passagem enquanto vivos em África. Dizia John F. Kennedy: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país”.

O que mais se admira em África, é que o africano não se compadece nunca com o sofrimento alheio, até mesmo em momentos de ódio e loucura, prefere arriscar a violação dos direitos do homem, e fazer da tortura e da morte a única via moral para a disciplina, o imoral, é óbvio que para áfrica é moral… Face a tantas contradições, não fazemos ouvidos de mercadores, correm ao nosso alcance uma voz, segundo a qual, temos uma organização que se sabe precisar por OUA (Organização da Unidade Africana) dizem ser criada aos 25 de Maio de 1963 em Addis Abeba, Etiópia, por iniciativa do Imperador etíope Haile Selassie através da assinatura da sua Constituição, hoje chamada de UA (União Africana), esta última, completamente muda, que nunca se levanta para a unidade, apenas se cala em momentos de frio ou de calor, os porques da sua existência são memórias que somente o passado sabe justificar, porque o presente já a tem de longe, porque quem não anda, não fala nem ouve, é similar a um corpo inerte em tumba, como musgos perdidos num ermo em troncos velhos.

A terrível ferida do sofrimento e do domínio do ódio entre irmãos do mesmo sangue e da mesma pele, não se cala, como bolor deixado sobre cascos em matas abandonadas, não para de inspirar à fuga de cérebros para o ocidente, que os recebe e os (re) utiliza para novos desafios do progresso.

É em África onde tudo está, mas é nesta onde o mal começa, tudo começa aqui, as riquezas, as guerras etc… Há quem diga que até o homem teve sua origem em África, na dita perspectiva antropológica que constrói uma imaginação filogenética.

Em África, por sua vez, o pan-africanismo impôs-se lentamente. Os dirigentes políticos e os intelectuais só começaram a mostrar interesse pela união política e cultural dos povos africanos nos anos 30 do século xx e os maiores representantes deste movimento, na época, não residiam em África, mas na Europa. Kwame Nkrumah, futuro primeiro-ministro e depois presidente do Gana, por exemplo, encontrou em Londres George Padmore, líder político de Trindade, e por ele foi despertado para o pan-africanismo.

África nos parece pouco clara, apesar de dormirmos e acordarmos deitados por  cima do ouro, dos diamantes, do ferro, do petróleo, do urânio, das água puras, das terras férteis para agropecuária. Porém, o destino nos tem sido traidor, nos faz importar tudo. Poucos países estão avançados nos termos de organização como a África do Sul, Nigéria e Namíbia, aos outros lhes está uma imagem de vazio perdido no espaço e no tempo. Ainda assim, mesmo os que evoluíram, não o realizaram na sua graça humana, porém, foi a sorte ditada pelos ingleses que fez de África do Sul a Europa de África, de Nigéria e de Namíbia paises organizados nos termos de evolução. Todavia, em colónias francesas, portuguesas, belgas, espanholas e alemães, é a maldita ambição que deixou o saldo do subdesenvolvimento. Levaram tudo para o ocidente ficando em África as moscas, a independência destas terras, foi realizada por um parto forçado. Nem sequer, o vento, deixaram como recordação da sua passagem por África. Somente o Inglês, fez – lo na diferença e na benevolência, que ninguém do ocidente o pude realizar como marca do seu passado em África, não é a toa que quando vamos de viagem para o ocidente, para as Américas ou mesmo para Ásia, é da África do Sul nosso único relevo do enaltecer de África, porque é dela que o respeito dos congéneres, do restante lhe resta dar ao estilo desprezível.

África? Porque não aprendes com os bons como a Inglaterra, a Suiça, o Japão, a Itália, a França e Espanha? Atentas sempre para plagiar os fracos e perdidos em cânticos sórdidos e arrastados! Até quando África, lhe seremos gratos pela vida que nos aplica, mesmo miserável e inadequada, ainda, assim, é uma forma de viver sem futuro de sobra!

Dia de África seria para reflectir e não para aplaudir! Porque fazendo – o, estamos a aplaudir a miséria, as guerras, a injustiça e todos os males que envaidecem a palavra África.

Face a todas as contradições e mitologias que se impõem à África, um académico, em 2008, apresentou uma tese de doutoramento onde fez referir o seguinte:

  1. Com 9% da reserva mundial de petróleo – 100.000 milhões de barris, com características geológicas extraordinárias, o nível de êxito das perfurações é de 50 %, enquanto que no resto do mundo é de uns 10%.
  2. Com com 90% de reserva mundial de cobalto, 90% de platina, 40% de ouro, 98% de cromo, 64% de magnésio e um terço das reservas urânio.
  3. Por exemplo, o Golfo da Guiné produz, na actualidade, mais de 15% do ouro negro que os Estados consomem ou seja, o Golfo da Guiné abastecerá 25% de consumo dos Estados Unidos.
  4. Por outro lado a República Democrática do Congo, que se situa no coração de África, “é o mais rico país do continente no que toca a recursos naturais”, contando com 30% da reserva mundial de cobalto, 10 % de cobre, além de ouro, urânio e, o mais importante, o petróleo. Além disso, por esse território dentro passa o Rio Congo, comparável ao amazonas no Brasil e contém 40-50% das reservas de água do continente”.

É maravilhoso e preocupante quando se absorve o conteúdo desse trecho de estudo sobre África, isso faz – nos exaltar emoções e começar a escrever a história africana, procurando tirar dela também lições que nos ajuízam a aprender com os nossos erros, porque errar é dos humanos, o que não é aceite é errar sempre e sempre da mesma maneira.

Se a República Democrática do Congo é a mais rica do continente, não nos alegramos ao sermos colocados deitados na cama do desespero, por nos depararmos com os nossos irmãos congoleses que acusam de ser a sua terra natal uma terra perdida num saco roto da desordem e da desgraça, onde a pobreza é dada como troco obrigatório para o cidadão. O ódio dos seus líderes faz do retrocesso e da tortura a única forma de manter o poder às suas mãos.

É este Congo enaltecido como primeiro na pirâmide de riquezas materiais e físicas no continente, que muito se reclama, sem quase nada para dar aos seus filhos, ainda assim, dizem ser o Congo o mais rico de todos, o seu povo se tornou em verdadeiro nómada, feito na traição de seus líderes que os empurram para os arames enfarpelados, forçando – os à fuga em busca de melhores condições de vida, nem que seja no lixo, estes arriscam suas vidas, ainda assim, diz – se ser Congo a República mais rica com o povo mais pobre de África – Austral. Não é a toa que os nossos irmãos congoleses estão em quase toda panela chamada universo, desde a América do Sul à América Latina, desde o Ocidente todo à Austrália, desde a Ásia Maior à Ásia Menor, e por fim, em quase toda África encontramos congoleses, um povo sacrificado e muito batalhador, os congoleses arriscam tudo e são os verdadeiros comerciantes e donos do micro - empreendedorismo desta África, mesmo no enfado, seu País é o mais rico de África, nada ou quase nada mesmo o seu povo absorve nos termos das riquezas do Congo dito rico, esta fica apenas para líderes políticos, ao posso que o povo congolês vive no enfado, na sorte do deus dará e num sofrimento hediondo e sub – normal, se não fosse do seu autêntico sacrifício não se fariam vivos. São estes os criadores de muitas coisas em Angola, nos trouxeram os macayabos, a Kikwanga, os táxis, os cabrites, os franguités, mesmo que no engano nos vendam carne de gato traduzida com o nome de cabrité, ainda assim, fazem a diferença no empreendedorismo, que do nada, conseguem abrir portas para negócios, artesãs de todas as artes em Angola, os chamados na gíria de “fazem tudo”.  

Não dou palmas para minha mãe África por não ter peito para amamentar os seus filhos, África é o continente da fome e do subdesenvolvimento, da confusão e da miséria, a ordem e a disciplina estão muito longe de serem uma realidade, o progresso e a realização de sonhos de seus filhos andam de mãos dadas com a decepção e o desespero.

A crise de fome na África já atingiu cerca de 12,5 milhões de pessoas incluindo principalmente crianças, um único continente no mundo com mais vítimas de fome que outra coisa, a miséria é o único material herdado pelos seus descendentes. No ano de 2011 a crise da fome em África deixou a maior parte da populaça em emergência, onde que uma das regiões mais atingidas pela Crise foi: Etiópia, Quénia, Somália, Djibuti e Uganda.

Porém, é nesta África esfomeada e abandonada pelos seus líderes políticos, onde tem o maior tecido económico do planeta, os maiores recursos minerais, onde há mais água, se supõe que África será o único reservatório de água do futuro, pela ironia do destino, esta África está vendida no abismo, na lei do “cada um por si, Deus para todos, safa – se quem poder”, a solidariedade foi batida à público e colocada na fornalha para ser queimada ao olho do mundo, ficando o orgulho, a ambição e o egoísmo, como o maior legado de vida do Africano.

Apesar da quantidade de água disponível ser constante, a demanda crescente em razão do aumento da população e da produção agrícola cria um cenário de incertezas e conflito.

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) diz que a demanda mundial de água aumentará 55% até 2050. A previsão é que nesse ano, 2,3 biliões de pessoas suplementares – mais de 40% da população mundial – não terão acesso à água se medidas não forem tomadas. O aumento da demanda torna a situação mais complicada. Porém, em África existe mais água que outra coisa, implicando dizer que só a água já é um grande recurso que outros continentes não têm a sorte, mas é nesta África, onde mais se regista a seca por falta de água, onde mais se regista a falta de água de consumo e de corrente eléctrica, aliás, em África, a noite é feita à luz de palha ou de vela.

Fica uma reflexão à todos Africanos, patriotas, vítimas de um tempo de ira e sofrimento, herdado da nossa mãe África que nos coloca abandonados à um destino cujo percurso é sóbrio, que nos faz construir nossas nações à nossa sorte: “é tempo de repensarmos África e tentarmos mudar o nosso paradigma à luz dos maiores deste mundo, chega de tabus, regionalismo, racismo, tribalismo, conformismo, pobreza, subdesenvolvimento e separatismo, isso somente inflamará a constituição de uma África cada vez mais atrasada e farta de contradições. Vamos arregaçar as mangas e fazer realizar uma verdadeira África, que não viva somente da miséria e da fome, mas também do seu potencial humano e material.

Bem – haja ao dia de África!

Por João  Henrique Hungulo: Médico, Pesquisador, Escritor, Poeta, E Fazedor De Opinião Escrita.

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