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Quinta, 14 Junho 2018 21:26

Quem iria ficar muito mal na fotografia caso o consórcio Air Connection Express saísse do papel?

Numa matéria publicado no dia 28 de Maio 2018, pelo NJ intitulado "Rafael Marques tem provas de que João Lourenço está a formar uma nova elite de saqueadores, acredita oposição". Este jornal apegou-se a uma entrevista que o conceituado Jornalista Rafael Marques tinha concedido à Lusa.

Por Manuel Tandu "O Kutualista"

Nesta entrevista à Lusa, o jornalista Rafael Marques fala de sinais que, segundo ele, contradizem o discurso de combate à corrupção do Presidente da República. Ao dizer o seguinte: "João Lourenço também tem estado a dar sinais de que está a formar uma nova elite de saqueadores. Recentemente, criou-se aqui um consórcio privado para a realização de voos domésticos que beneficiou de uma garantia soberana do Estado angolano, as famosas garantias soberanas, para a aquisição de seis aviões no Canadá".

Nesta mesma entrevista o Rafael Marques chegou de afirmar o seguinte: "O consórcio tem como sócios o irmão do Presidente angolano, Sequeira João Lourenço, também secretário-executivo da Casa de Segurança do Chefe de Estado e proprietário da empresa de aviação SJL, o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente, Frederico Cardoso, dono da empresa Air 26, e o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente, o general Pedro Sebastião, dono da empresa Mazewa".

Defendeu essa tese acrescentando o seguinte: "São as pessoas mais próximas que rodeiam o próprio Presidente que já estão a apoderar-se daquilo que é público e estão, basicamente, a manter o estatuto de principais dirigentes do país e principais homens de negócios. Esses indivíduos já tinham as suas empresas falidas e estão agora a receber oxigénio porque João Lourenço está no poder. Isto não é uma contradição, é uma falta de vergonha".

O NJ depois procurou ouvir o posicionamento dos dois principais partidos políticos na oposição em das declarações do Jornalista Rafael Marques à Lusa. Em resposta ao pedido do NJ para comentarem as suspeitas lançadas por Rafael Marques sobre a gestão de João Lourenço, UNITA e CASA-CE defenderam a tese que de o jornalista está documentado.

O porta-voz do "Galo Negro", Alcides Sakala frisou as investigações do Rafael Marques são sérias. Acrescentando o seguinte: "Se ele disse isso é porque há provas suficientes". Já o vice-presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Manuel Fernandes, tivera dito o seguinte: "Se o jornalista Rafael Marques fez tais observações é porque tem provas suficientes para afirmar isso".

Quer dizer, este consórcio já estava sendo tido como a prova das provas ou como a prova inequívoca de que continuávamos a viver na antiga Angola. Este consórcio colocava em causa tudo que já tivera dito o PR João Lourenço. Em menos de um ano a oposição tinha recebido numa bandeja um trunfo na manga que usariam no momento certo pra arrasarem o PR. O sair deste consórcio no papel era de facto um dar munições aos canhões da oposição. Mas o surgimento do consórcio Air Connection Express já existe desde o anterior Governo, pois tivera sido aprovado em Conselho de Ministros.

Pude ler a entrevista que concedeu no jornal Valor Económico o empresário Bartolomeu Dias Proprietário da Diexim, uma empresa que entrou no projecto Air Connection Express. Nesta entrevista o mesmo foi duro com as decisões do Presidente da República. Acusando-o de ter agido com “arrogância” e critica-o por não ter ouvido os empresários. E a frase mais marcante do entrevistado foi: “Governar um país não é como gerir a nossa casa”.

Essas declarações do empresário Bartolomeu Dias, é prova inequívoca de que actualmente vivemos numa nova Angola... Mas levanto a seguinte questão, quantos empresários nacionais dos pesos pesados se opunham a antiga lei de investimento privado? Quantos vinham ao público fazendo declarações contra a corrupção, contra os monopólios, contra às más práticas que existiam na nossa economia, contra empresas quase falidas mas que sugavam dinheiros públicos através de consórcios… contra a estagnação da nossa economia?

Quem iria ficar muito mal na fotografia caso esse consórcio saísse do papel conforme estava inicialmente desenhado é o PR João Lourenço. A tese do PR João Lourenço ser um reformador cairia por terra. Em suma, o PR João Lourenço ao chumbar esse consórcio tirou o trunfo manga que a oposição e uma parte da sociedade civil tinham. O Jornalista da Euronews ao questionar o PR sobre este consórcio fê-lo no sentido confirmar o quão reformador é o PR. Caso o PR não chumbasse publicamente naquele momento, naquela entrevista este consórcio, ele iria ficar muito mal, mais muito mal mesmo na fotografia e o argumento do mesmo ser um reformador cairia por terra.

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