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Sexta, 01 Junho 2018 14:13

Manifesto Kutualista – Manuel Tandu

O colonialismo "nestes quase cinco séculos da sua vigência" nos  territórios que depois passaram a ser Angola. Tivera lançado logo na fase inicial... uma semente que hoje é uma imponente árvore... Antes da implantação do colonialismo nestes territórios. O amor que tínhamos pela nossa terra.

Era muito profundo!

Nós amávamos profundamente a nossa terra!

A nossa cultura…!

E isso nos mantinha coesos!

Isso nos mantinha focados pra o progresso destes territórios!

Isso era um puro patriotismo!

Isso era um puro amor a mãe pátria!

Por isso já naquela altura o progresso era uma realidade. Mas foi nos tirados paulatinamente esse puro patriotismo, esse amor profundo a Pátria, através da assimilação. Esse projecto posto em marcha logo na fase inicial da implantação do colonialismo. Visou fazerem de nós em eternos escravos.  Visou fazerem de nós em  eternos assimilados.

Esse processo de assimilação gerou em nós o antipatriotismo, pois esse era o real objetivo do processo de assimilação que foi nos imposto. Por isso deixamos de ter um amor profundo a pátria mãe. Começamos a ter amor a nova pátria, o nosso foco passou a ser a nova Pátria. Prova disso é que os nossos maiores investimentos, os nossos grandes capitais estão fora do nosso território, prova disso é que importamos tudo, e isso tem sido um grande impeditivo a produção interna, prova disso é que continuamos a viver neste belíssimo território, mas os nossos pensamentos... vivem no exterior... por isso continuamos a trabalhar para os colonos, continuamos a ser a mão-de-obra pra o progresso dos nossos eternos colonos!

Nunca deixamos de ser assimilados no verdadeiro sentindo da palavra!

Pois o profundo amor a pátria que tínhamos foi substituído pelo assimilato, e o assimilato gera o antipatriotismo! Gera a estagnação!

Quando a assimilação entra numa porta gera a estagnação ou o status quo da sociedade e das instituições e o progresso sai pela outra porta.

Ser assimilado é negar o que somos, é negar a nossa língua, os nossos usos e costumes, a nossa religião, o nosso modo ser... e assimilar outros modos de ser, outros usos e costumes... Fomos transformados em estrangeiros na nossa própria terra, pois assimilamos!

Pois esse amor profundo,  outrora é que nos levou a edificar imponentes reinos! É que nos levou para luta de libertação Nacional. Mas o projecto da assimilação estava tão enraizado na mente... por isso nos sentimos mais inteligentes, mais cultos... quando falamos inglês, francês, português, quando negamos os nossos usos e costumes, quando renunciamos o que somos e passamos a ser o que o colonialismo tivera projectado para que fossemos. Do que quando falamos o nosso kimbundo, o nosso kikongo, o nosso Umbundo... do que quando aceitamos os nossos usos e costumes, a nossa origem, etc.

Através de um minucioso trabalho que realizei, que durou quase uma década. A qual através da observação e da interacção com diversas pessoas de vários extractos sociais em Kumba Ngudi. Colectei dados que confirmam que há um segmento da sociedade que defende a estagnação da sociedade e das instituições. Este segmento da sociedade se opõe a tudo que se opõe ao que pensam.   Defendem o status quo da sociedade e das instituições, fruto do processo de assimilação que sofremos, que visava fazer dos territórios conquistados pelos colonos em eternas coloniais. Pois tinham feito um trabalho bem estruturado...  e  esta bem enraizado na nossa sociedade esse vontade de manter o status quo da sociedade e das instituições.

Há resistência deste segmento da sociedade em compreender que as sociedades e as instituições são dinâmicas ou kualistas. Pois o processo de assimilação foi muito profundo... Essa forma de pensar e de agir não está circunscrito num determinado grupo de pessoas com mesmo vínculo partidário ou que professam a mesma religião... essa forma de pensar, de agir está enraizada em diferentes instituições. Quer dizer, instituições diferentes com objectivos diferentes, mas elas convergem ou comungam num mesmo pensamento. A estagnação é uma espécie de credo que os comungam.

Instituições diferentes, mas as práticas destas instituições que deveriam ser diferentes pois foram projectadas com objectivos diferentes, uma das outras, mas se convergem. Se convergem num único pensamento que é a estagnação destas instituições e da sociedade. E essa forma de pensar, defendendo a estagnação é na realidade o factor que retarda, que anula o progresso, quer dizer o progresso não acontece porque duma forma indirecta ela é impedida pra que aconteça, pelo segmento da sociedade que defende a estagnação da sociedade e das instituições.

Mas esse problema que pude diagnosticar. Não é um problema que só é uma realidade nesta parcela do país. Pois ela se verifica em todo país. Em todas províncias do país existe este segmento da sociedade que defende a estagnação da sociedade e das instituições. Pois qualquer observador  atento ou que vê com os olhos de ver, entende que esse problema do status quo da sociedade e das mais diversas instituições do país é um problema Nacional.

E visando contrapor esta forma de pensar e de agir, e para que o progresso aconteça, entendi criar o MOVIMENTO KUTUALISMO!

Porque kutualismo?

O termo kutualismo é uma fusão de kutuala e do sufixo ismo. O sufixo “ismo” vem do grego e indica uma ideologia, um sistema a ser seguido, algo consolidado como regra ou, que se acredita ser uma regra. Ex: positivismo, cristianismo, helenismo, jornalismo e etc. O "ismo" designa um conjunto de crenças ou doutrinas de um determinado grupo, ex: escolar, religioso, filosófico, teatral, político e musical. Kutuala é um termo de origem kikongo, que traduzido para a língua portuguesa é "pra frente", ora pra frente implica um percurso que aponta pra o sentido progressivo. Para frente implica também estar em movimento ou é a dinâmica.

O kutualismo é uma corrente de pensamento que defende a não estagnação da sociedade e das instituições. E entende que através da inovação, a criatividade, o inconformismo, o pragmatismo, o patriotismo, o pensar diferente... a sociedade e as instituições caminham pra frente ou têm um percurso que as leva ao luvuatumuku (desenvolvimento). O kutualista é um seguidor do kutualismo.

Visando contrapor o status quo da sociedade e das instituições e catapultar o progresso para que o desenvolvimento aconteça. Por isso nasceu o kutualismo visando resgatar aquele amor profundo. Que tínhamos da Pátria mãe!

Sem o amor profundo a pátria mãe, o progresso da Pátria mãe não irá acontecer!

O amor profundo a pátria mãe é que nos impulsiona a inovar, a sermos criativos, a sermos inconformistas, a encontrarmos soluções, a investir os nossos capitais em Angola, a edificar boas  infraestruturas, a postar seriamente na educação, na saúde, a combater as simetrias regionais... a trabalhar arduamente para o bem-estar dos nossos povos! Por isso.

Não importa as suas convicções políticas!

Não importa a sua religião!

Não importa o seu nível académico!

Não importa a sua cor!

Não importa a sua descendência!

Não importa a sua etnia!

Não importa a sua língua!

Não importa!

E não importa!

O que importa é resgatarmos, é voltar a termos o amor profundo a terra mãe. Que tínhamos que foi nos extirpado através do processo de assimilação.

Por isso seja um kutualista!

Pois o ser assimilado faz do indivíduo pra que defenda a estagnação ou status quo da sociedade e das instituições!

Por isso nasceu o kutualismo visando resgatar aquele amor profundo. Que tínhamos da Pátria mãe!

A assimilação gera o status quo da sociedade e das instituições! Gera a estagnação, gera o antipatriotismo. Por isso nasceu o kutualismo.

Sou coerente, por isso continuo defendendo os ideais que sempre defendi. Mas passo a defender estes mesmos ideais numa visão kutualista.

Não importa as suas convicções políticas!

Não importa a sua religião!

Não importa o seu nível académico!

Não importa a sua cor!

Não importa a sua descendência!

Não importa a sua etnia!

Não importa a sua língua!

Não importa!

E não importa! 

O que importa é resgatarmos, é voltar a termos o amor profundo a terra mãe que foi no extirpado através do processo de assimilação. Por isso seja um kutualista!

Manuel Tandu

"O kutualista"

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