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Quinta, 20 Março 2014 21:36

Filho do PR da Guiné Equatorial acusado de branqueamento de dinheiro

Teodorin Obiang, filho do Presidente da Guiné Equatorial Teodorin Obiang, filho do Presidente da Guiné Equatorial

Teodorin Obiang, filho do Presidente da Guiné Equatorial, foi formalmente acusado de branqueamento de dinheiro em França, uma estreia neste caso conhecido como "enriquecimento ilícito" que envolve três chefes de Estado africanos.

A acusação foi comunicada na terça-feira, durante uma audição realizada por videoconferência, precisou hoje Emmanuel Marsigny, a advogada de Teodorin Obiang, que é também o vice-presidente do seu país.

Magistrados financeiros franceses estão a investigar desde Dezembro de 2010 as condições em que três chefes de Estado africanos - Denis Sassou-Nguesso do Congo, Teodoro Obiang da Guiné Equatorial e o falecido Presidente do Gabão Omar Bongo - adquiriram um grande património imobiliário e móvel em França.

Quando investigaram a fortuna de Obiang, os juízes tinham confiscado em Julho de 2012 um palácio de seis andares, situado na avenida Foch, no XVI bairro de Paris, no valor de entre 100 e 150 milhões de euros.

No sumptuoso edifício de vários milhares de metros quadrados, em que se inclui uma discoteca e um salão de cabeleireiro, os juízes tinham já apreendido, em Fevereiro de 2012, 200 metros cúbicos de bens de enorme valor, numa operação sem precedentes que durou dez dias e para a qual foram necessários vários camiões.

As buscas às residências do clã Bongo em Paris e no sul de França foram realizadas em Fevereiro de 2013.

Segundo um documento divulgado em 2009 pela Transparency International France, a família Bongo e o seu círculo mais próximo possuíam em França "33 propriedades, a maioria nos bairros mais chiques de Paris, as outras na Côte dAzur".

Segundo uma fonte próxima do caso, os magistrados estão agora concentrados na acusação que visa a família do Presidente congolês, Denis Sassou-Nguesso.

Esta investigação sobre enriquecimento ilícito iniciou-se na sequência de queixas da Organização Não-Governamental Sherpa, que apresentou no outono de 2013 uma queixa semelhante contra um tio do Presidente sírio, Bachar al-Assad, Rifaat al-Assad.

"Nós sempre dissemos que [Teodorin Obiang] não estava a procurar escapar-se à justiça. Era preciso que este primeiro interrogatório decorresse em condições compatíveis com as funções que exerce e com a respectiva imunidade", afirmou a sua advogada.

Os juízes tinham emitido no verão de 2012 um mandado de captura internacional para Teodorin Obiang, depois da recusa deste em responder a uma convocatória dos magistrados.

Obiang invocou o seu estatuto de vice-presidente da Guiné Equatorial, que lhe confere, na sua perspectiva, imunidade de jurisdição.

Inquirida sobre se o mandado de captura foi suspenso após o interrogatório, a fonte judicial respondeu que essa questão, da competência dos juízes de instrução, não tinha sido analisada.

De acordo com Emmanuel Marsigny, na audição, Teodorin Obiang recusou-se a responder às perguntas, sempre a coberto da sua "imunidade de jurisdição total no estrangeiro", que não foi levantada pelas autoridades do seu país.

Possuindo essa imunidade, Obiang está agora a considerar apresentar contra a vara de instrução do tribunal de apelação de Paris um "processo sobre a legalidade deste interrogatório".

LUSA

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