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Segunda, 07 Mai 2018 17:25

PCA do BPA Angola nega ter contratado ex-procurador Orlando Figueira

Ex-procurador Orlando Figueira Ex-procurador Orlando Figueira

Confrontado com vários e-mails enviados para si pelo advogado e também arguido Paulo Blanco, Carlos Silva disse que não os tinha recebido, escudando-se no facto de ser atarefado

O banqueiro luso-angolano Carlos José da Silva negou esta segunda-feira, em julgamento, que tenha oferecido emprego ao ex-procurador Orlando Figueira para ir trabalhar para o BPA Angola, contrariando declarações do arguido.

Carlos Silva, que começou hoje a ser ouvido como testemunha no julgamento da Operação Fizz, foi apontado por Orlando Figueira como o responsável pelo seu contrato de trabalho, nunca cumprido, para ir trabalhar para Angola como assessor jurídico do Banco Privado Atlântico.

A testemunha começou por explicar que conheceu Orlando Figueira quando se deslocou ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) para depor como testemunha num processo e confirmou que uns dias depois foram almoçar a um hotel.

Contudo, desmentiu o arguido Orlando Figueira, dizendo que "nunca falaram de trabalho", nem na hipótese de o ex-procurador ir trabalhar para o BPA.

"Não falámos de coisíssima nenhuma de trabalho, nem de ir para Angola. Ninguém trocou de telemóveis nem mails", disse a testemunha, que garantiu também que não conheceu Orlando Figueira em Angola, ao contrário do que o arguido disse.

O banqueiro, interrogado pela procuradora, referiu que nunca mais se encontrou com Orlando Figueira, nem falou com o advogado Proença de Carvalho.

Contudo, contou que o advogado e arguido Paulo Blanco lhe telefonou a perguntar se "havia algum desafio" para Orlando Figueira no BPA e que a forma que encontrou para resolver a questão "foi sugerir que falasse com Paulo Marques", fundador e acionista do BPA, que já morreu. "A minha intervenção ficou por aí", acrescentou.

De seguida, confrontado com vários e-mails enviados para si pelo advogado e também arguido Paulo Blanco, Carlos Silva disse que não os tinha recebido, escudando-se no facto de ser atarefado, de ter quatro caixas de emails e de ter uma assistente que gere a sua correspondência.

"Desconheço, não li, não chegou", foi assim que reagiu quando confrontado um e-mail de Paulo Blanco sobre a minuta de um contrato de trabalho de Orlando Figueira com a Finicapital, uma empresa parceira do BPA.

Disse também que não conheceu qualquer representante da empresa Portmill.

No final da sessão da manhã Carlos Silva não falou com os jornalistas, justificando com respeito pelo tribunal.

Segundo a acusação do Ministério Público, o magistrado passou para o sector privado como forma de pagamento por ter arquivado um processo em que o então futuro vice-presidente de Angola Manuel Vicente era suspeito de branqueamento de capitais. Nesta versão dos factos, terá sido Manuel Vicente a prometer-lhe emprego em Luanda, e antes disso a fazê-lo entrar no Banco Comercial Português. Porém, Orlando Figueira garante que quem o convidou para ir trabalhar para Luanda foi o presidente do Banco Privado Atlântico de Angola.

Após a separação da matéria criminal que envolve Vicente, que foi também presidente da Sonangol, o processo tem como arguidos Orlando Figueira, o empresário Armindo Pires e Paulo Blanco.

O ex-procurador do DCIAP está pronunciado por corrupção passiva, branqueamento de capitais, violação de segredo de justiça e falsificação de documentos, o advogado Paulo Blanco por corrupção ativa em coautoria, branqueamento também em coautoria, violação de segredo de justiça e falsificação de documento em coautoria.

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