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Sexta, 23 Fevereiro 2018 19:10

Clientes angolanos exigem melhorias no carregamento do Cartaõ Visa

A restrição no carregamento de cartões de crédito internacional, como Visa e Master Card, continua a dificultar a vida dos cidadãos com necessidade de apoiar familiares no exterior do país, mesmo depois da recomendação do Banco Nacional de Angola para os bancos comerciais disponibilizarem um valor de até 500 euros.

Face à crise económica e financeira instalada no país desde 2014, devido a queda do preço petróleo, e com reflexos nas divisas, milhares de cidadãos nacionais e estrangeiros "vêem-se a braços" para carregar os cartões e acudir as necessidades dos familiares que se encontram a estudar ou em tratamento médico no estrangeiro.

Para colmatar essa dificuldade, o Banco Nacional de Angola recomendou, no princípio de Fevereiro deste ano, aos bancos comerciais a venda de até 500 euros aos seus clientes, para permitir maior acesso à moeda estrangeira.

Entretanto, a medida continua sem impacto entre os necessitados, que clamam por melhorias no processo.

Na altura, o governador do BNA, José de Lima Massano, disse haver procura elevada de divisas, sublinhando que os números actuais obtidos, via bancos comerciais, revelam a existência, nas instituições bancárias, de solicitações acima de 400 milhões de euros. 

Por esta razão, o processo de vendas de divisas para particulares tem se mostrado mais lento do que se pretende, razão pela qual o presidente da Associação Angolana de Bancos (Abanc), Amílcar Silva, prevê que o problema venha a continuar por mais algum tempo em Angola.

Em declarações à Angop, nesta sexta-feira, disse entender que a situação de carregamento dos cartões, com limitações, persista enquanto a situação económica não for normalizada, quer através do aumento do preço do petróleo, quer por meio do aumento da exportação de outros produtos para gerar divisas.

Afirmou que a limitação deve-se à escassez de divisas no país, daí não haver disponibilidade suficiente para todos.

Segundo Amílcar Silva, quando o BNA recomenda que os bancos vendam até 500 euros, isso ocorre quando estas instituições têm divisas dos leilões, destinadas às despesas ligadas aos estudos e tratamento no exterior.

Quando o BNA direcciona parte dos valores dos leilões para viagens, cobertura para despesas com estudantes e pessoas em tratamento no exterior, os bancos comerciais vendem, e é isso que estão a fazer, comentou.

Para o responsável, o grande problema é que o dinheiro disponível não chega para todos e a prioridade das prioridades é disponibilização de divisas para o investimento.

Esclareceu que quando o BNA realiza um leilão orienta o destino a ser dado às divisas, que pode ser para viagens, estudos, cesta básica, matérias-primas ou outros sectores.

"O certo é que tem sempre um destino e os bancos não podem fugir, porque têm que justificar as vendas", referiu.

Drama entre mães e filhos

A queda das divisas no país está a afectar os projectos de centenas de famílias angolanas, sobretudo aquelas que têm necessidade de viajar, pagar despesas com estudo dos filhos ou tratamento no exterior.

É o caso da cidadã Maria Joaquim, que tem o filho a estudar no Brasil há quatro anos. Hoje, depara-se com dificuldades em adquirir divisas para transferir ao seu educando.

Por isso, achou melhor mandá-lo regressar, invés de passar dificuldades em pagar renda de casa, alimentação e propinas, devido aos obstáculos na transferência de valores.

Outra cidadã que vive o mesmo drama é Nazaré Felipe, que desde 2015 recorre muitas vezes ao mercado paralelo, onde o preço é muito elevado. A mesma considera a situação penosa, pois neste processo as divisas conseguidas servem apenas para pagar a alimentação do filho.

"O meu filho tem renda em atraso, propina por pagar e, em função disso, até agora não lhe dão o diploma", lamentou a cidadã, que tem cartão Visa do BAI, mas não consegue carregar, mesmo tendo dinheiro na conta.

Por sua vez, a funcionária Ana Maria Ramos, também mãe de um estudante no estrangeiro, conta que antes era fácil enviar dinheiro por via do cartão Kumbu do Banco Sol, pelo qual  depositava os valores em Kwanza e depois convertia-se em divisa para transferência.

"Com a recente informação do BNA, pensávamos que fosse resolvida a situação, mas a dificuldade em adquirir as divisas continua, mesmo tendo os documentos necessários".

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