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Terça, 16 Janeiro 2018 16:50

Kwanza depreciou-se hoje e perde mais 11% face ao Euro e quase 9% para o Dólar

O kwanza depreciou-se hoje em mais 11% face ao euro e quase 9% para o dólar norte-americano, no âmbito do novo regime flutuante cambial, segundo cálculos feitos pela Lusa com base nos dados do Banco Nacional de Angola (BNA).

No espaço de uma semana, e desde que a moeda europeia passou a ser a referência para o mercado de câmbios de Angola, a moeda angolana já acumula uma depreciação de quase 25,5% para o euro, que agora vale, na compra, 248,7 kwanzas, e 18% para o dólar, que passa a valer 203,6 kwanzas.

Desde o primeiro trimestre de 2016 que a taxa de câmbio oficial definida pelo BNA não sofria alterações, nos 166 kwanzas por cada dólar norte-americano e nos 186 kwanzas por cada euro.

Esta nova cotação resulta do leilão de divisas realizado hoje pelo BNA - o segundo desde 09 de janeiro, no âmbito do novo modelo de definição da taxa de câmbio pelo mercado -, no qual participaram 27 bancos comerciais, que compraram os 82,6 milhões de euros que o banco central tinha para vender.

De acordo com informação do BNA consultada pela Lusa, nesta operação foi apurada uma taxa média ponderada de venda de 248,77 kwanzas por cada euro, sendo o valor do dólar e restantes moedas internacionais calculado em função desta cotação.

O banco central angolano explica que contribuíram para o apuramento da taxa de câmbio de referência 14 dos 27 bancos participantes no leilão, tendo a taxa mais alta de compra de cada euro sido de 270,823 kwanzas e a mais baixa de 243,387 kwanzas.

A aquisição ao exterior de matéria-prima, peças, acessórios e equipamento fabril ficou com 60% das divisas colocadas no leilão de hoje, seguindo-se os setores da agricultura, agropecuária, pescas e mar (19%), seguros, telecomunicações, transportes e outros serviços (15%), a aquisição de artigos de higiene, limpeza, material escolar e de escritório (3%) e de vestuário, calçado, artigos e utensílios domésticos (3%).

Para aquisição de bens alimentares, medicamentos e operações privadas, o BNA refere que mantém o mecanismo de vendas diretas, via bancos comerciais, fora deste sistema de leilão de preço para aquisição de divisas.

No primeiro leilão deste género, a 09 de janeiro, o BNA colocou 83,6 milhões de euros em divisas, "montante integralmente absorvido" pelos bancos comerciais que participaram, tendo sido apurada uma taxa média ponderada de venda de 221,26 kwanzas por cada euro, depreciando praticamente 16%, segundo cálculos feitos na altura pela Lusa.

No mesmo dia, o valor para comprar um dólar norte-americano ficou-se nos 185,5 kwanzas, o que por sua vez representou então uma depreciação de mais de 10% para a cotação oficial anterior.

No modelo anterior, a cotação era fixada diretamente pelo BNA e o novo regime flutuante cambial começou a ser aplicado numa altura em que as Reservas Internacionais Líquidas do país estão em mínimos históricos, inferiores a 12.000 milhões de euros, devido à crise da cotação do petróleo.

A Lusa noticiou a 04 de janeiro que os preços indicativos propostos pelos bancos comerciais angolanos vão passar a definir o novo regime flutuante cambial no país, conforme informação do banco central, que já definiu o intervalo de cotação deste modelo.

Em reunião extraordinária do Comité de Política Monetária (CPM) do BNA, realizada no mesmo dia, em Luanda, aquele órgão definiu "os limites mínimo e máximo da banda cambial" deste novo modelo, refere o comunicado final da sessão, a que a Lusa teve acesso, mas sem concretizar os valores.

Contudo, face à falta de divisas aos balcões dos bancos comerciais, o mercado de rua, que para muitos constitui a única alternativa para aceder a moeda estrangeira, desde as eleições gerais de agosto que antecipa uma desvalorização oficial da moeda angolana, transacionando atualmente cada dólar a 445 kwanzas e cada euro a 520 kwanzas.

O governador do banco central angolano disse anteriormente que a moeda angolana não vai ser desvalorizada por ação do Governo, mas deverá sofrer uma depreciação face a outras moedas, consequência do novo regime cambial, que passa da taxa fixa para flutuante.

"Quando falamos em desvalorização regra geral referimo-nos a uma intervenção administrativa da alteração da taxa de câmbio, forçando a perda do poder de compra da nossa moeda em relação a outras moedas, o que estamos a dizer é que não vamos ter desvalorização, mas deveremos ter uma depreciação", disse José de Lima Massano.

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