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Sexta, 05 Janeiro 2018 15:59

Nota de cem dólares no mercado informal de Luanda segue nos 43.000 kwanzas

O preço para comprar uma nota de 100 dólares norte-americano nas ruas de Luanda iniciou 2018 nos 43.000 kwanzas, cotação praticamente inalterada, apesar da iminente depreciação da moeda nacional, com a introdução do regime de taxa de câmbio flutuante.

A cotação, que a Lusa constatou hoje numa ronda pelo mercado informal da capital angolana, compara com a da primeira semana de 2017, quando o dólar atingiu o máximo de vários meses, nos 50.000 kwanzas, descendo, já após as eleições gerais de agosto, para os 37.000 kwanzas.

Para comprar um euro, o mesmo mercado de rua em Luanda cobra atualmente 510 kwanzas, também estável face à semana anterior, valores que compara com as taxas de câmbio oficiais, definidas pelo Banco Nacional de Angola (BNA), fixa há mais de um ano e meio nos 166 kwanzas (85 cêntimos de euro) por cada dólar e nos 186 kwanzas (93 cêntimos de euro) por cada euro.

Nos últimos dias têm surgido relatos de operações policiais em áreas da capital angolana conhecidas pela venda de divisas, nomeadamente no bairro dos Mártires de Kifangondo, zona do centro de Luanda apelidada de "Wall Street dos Mártires", dada a quantidade de dólares transacionados, normalmente à vista de todos, diariamente.

Nesta zona da cidade a Lusa já não conseguiu encontrar hoje quem vendesse dólares ou euros, numa altura em que se mantém a falta de divisas aos balcões dos bancos comerciais, sendo o mercado de rua, para muitos, a única alternativa para aceder a moeda estrangeira.

No caso dos bairros da Mutamba, Maculusso e São Paulo, praticamente todos transacionam hoje cada nota de dólar até aos 430 kwanzas, conforme a Lusa constatou.

Esta cotação, em alta, é explicada com a possibilidade de uma desvalorização real do kwanza a curto prazo e, sobretudo, o aumento da fiscalização policial às 'kinguilas', como são conhecidas as mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas.

Só a falta de moeda nacional para completar as transações está a travar uma subida mais acentuada, explicam.

Os valores indicativos propostos pelos bancos comerciais angolanos vão passar a definir o novo regime flutuante cambial no país, anunciou o BNA, que estabeleceu na quinta-feira o intervalo de cotação neste modelo.

Em reunião extraordinária do Comité de Política Monetária (CPM) do BNA, realizada em Luanda, aquele órgão definiu "os limites mínimo e máximo da banda cambial" deste novo modelo, refere o comunicado final da sessão, a que a Lusa teve acesso, mas sem concretizar os valores.

No comunicado, o CPM explica que o regime cambial que vigorou até à presente data consistia numa taxa de câmbio administrada, determinada pelo BNA, "independentemente da relação entre a procura e a oferta".

"Doravante, o Banco Nacional de Angola adota um regime cambial caracterizado pela flutuação da taxa de câmbio dentro de um intervalo, com um limite máximo e um limite mínimo. Esse intervalo é denominado de banda cambial", acrescenta o comunicado final da reunião extraordinária do CPM.

Embora sem concretizar datas ou valores dos limites à taxa de câmbio flutuante, o BNA explica que passará a organizar leilões de compra e venda de moeda estrangeira, nos quais os participantes, caso dos bancos comerciais, indicarão o preço (taxa de câmbio) para a compra ou venda de moeda estrangeira.

"A média ponderada dessas transações será publicada no portal institucional do BNA, como a taxa de câmbio de referência. Ou seja, doravante, a taxa de câmbio passa a ser determinada pelas transações que ocorrem, em leilão, no mercado primário", explica ainda.

O governador do banco central angolano disse na quarta-feira que a moeda angolana não vai ser desvalorizada, por ação do Governo, mas deverá sofrer uma depreciação face a outras moedas, consequência do novo regime cambial, que passa da taxa fixa para flutuante, a partir do primeiro trimestre deste ano.

"Quando falamos em desvalorização regra geral referimo-nos a uma intervenção administrativa da alteração da taxa de câmbio, forçando a perda do poder de compra da nossa moeda em relação a outras moedas, o que estamos a dizer é que não vamos ter desvalorização, mas deveremos ter uma depreciação", reiterou o responsável.

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