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Quarta, 20 Dezembro 2017 16:55

Fundo Soberano prevê lucro de 40,5 milhões de dólares no terceiro trimestre de 2017

O Fundo Soberano de Angola (FSDEA) anunciou hoje uma previsão de 40,5 milhões de dólares (34,1 milhões de euros) de lucro no terceiro trimestre de 2017, com ativos totais avaliados em 5.030 milhões de dólares (4.237 milhões de euros).

Segundo o anúncio feito pela instituição, em comunicado a que a Lusa teve acesso, os resultados provisórios em causa refletem o estado do portefólio no período de 01 de julho a 30 de setembro de 2017.

O "desempenho favorável" é justificado com as aplicações em títulos e valores mobiliários, que geraram uma margem bruta de 117,5 milhões de dólares (98,9 milhões de euros), refere o FSDEA, liderado por José Filomeno dos Santos.

O presidente do conselho de administração daquele fundo destaca, na mesma informação, que o "desempenho e rentabilidade favoráveis", registados desde 2016, "continuaram durante o terceiro trimestre de 2017".

"No âmbito do mandato do FSDEA prevemos a realização de mais investimentos em diversos ramos, que criarão cada vez mais valor para o portefólio, gerando também oportunidades de geração de renda para os cidadãos nacionais e os de países vizinhos. O ganho resiliente de capital registado de 2016 a 2017 confirma a eficácia da estratégia de 'private equity' adotada pelo FSDEA. Por este motivo, prevemos o aumento contínuo do valor deste tipo de aplicação ao longo do ano em curso", sustenta José Filomeno dos Santos.

O FSDEA gere ativos do Estado no valor de 5.000 milhões de dólares e José Filomeno dos Santos foi nomeado para aquelas funções, em 2012, pelo pai e então chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, tendo visto o nome do fundo envolvido no recente escândalo 'Paradise Papers', sobre paraísos fiscais.

Aliando este caso ao anunciado discurso de combate cerrado à corrupção feito pelo novo Presidente angolano, João Lourenço, e à exoneração e retirada de negócios, em novembro, a três outros filhos de José Eduardo dos Santos, incluindo a saída de Isabel dos Santos da Sonangol, alguma imprensa angolana noticiou no mês passado um alegado pedido de demissão apresentado por José Filomeno dos Santos ao chefe de Estado, entretanto desmentido.

Ainda em novembro, a Lusa noticiou o pedido da UNITA, maior partido da oposição, para constituição de uma comissão parlamentar de inquérito para averiguar "responsabilidades políticas e administrativas" no "descaminho de verbas" do FSDEA, no âmbito da investigação jornalística internacional denominada 'Paradise Papers'.

Em causa, na investigação jornalística entretanto revelada, estão as relações entre o FSDEA e a empresa suíça Quantum Global, de Jean-Claude Bastos de Morais - alegadamente sócio de José Filomeno dos Santos em vários negócios em Angola -, empresa especializada na gestão de ativos, tida como responsável por parte dos investimentos do fundo nas Ilhas Maurícias.

As denúncias sobre o recurso do FSDEA a paraísos fiscais foram divulgadas através de documentos revelados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (CIJI), ao abrigo da investigação 'Paradise Papers'.

A administração do FSDEA garantiu anteriormente que todas as operações que realiza são feitas de "forma legítima", ao abrigo dos "mais altos padrões regulatórios".

De acordo com o jornal suíço Le Matin Dimanche, que revelou documentos dos 'Paradise Papers', dos 5.000 milhões de dólares atribuídos inicialmente, pelo Estado, ao FSDEA, cerca de 3.000 milhões (2.500 milhões de euros) terão sido investidos em sete fundos de investimento sediados nas Maurícias, através da Quantum Global.

A Quantum Global, revela ainda o jornal suíço, receberá entre dois a 2,5% do capital por ano, o que desde 2015 corresponderá a um valor entre 60 e 70 milhões de dólares (50 a 60 milhões de euros) anuais.

"Todos os investimentos em 'private equity' executados são obrigados a cumprir os requisitos das diretrizes de investimento definidas pelo conselho de administração do FSDEA e aprovado pela Comissão de Serviços Financeiros da República das Maurícias para cada investimento coletivo", refere, por seu turno, a administração daquele fundo do Estado angolano.

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