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Quarta, 08 Novembro 2017 13:03

Cabinda alerta João Lourenço para saída de 8.000 trabalhadores do setor petrolífero

O Presidente angolano lamentou hoje, em Cabinda, os atrasos na conclusão de várias obras públicas lançadas nos últimos anos naquela província, tendo ouvido as preocupações do governador local perante o despedimento de 8.000 trabalhadores do setor petrolífero no enclave.

As posições foram transmitidas esta manhã, na abertura da reunião da comissão económica do Conselho de Ministros, a primeira fora de Luanda desde a eleição, em agosto, de João Lourenço como novo Presidente angolano.

"Pretendemos dar um outro impulso à execução desses mesmos projetos. São projetos importantes para a vida da província, em praticamente todos os domínios da vida, nomeadamente projetos que têm a ver com o aumento da produção e distribuição da energia elétrica", apontou o chefe de Estado angolano.

Em causa estão obras públicas que envolvem ainda a proteção e contenção de encostas, que ameaçam centenas de casas em Cabinda, mas também ao nível da educação e da saúde. Neste último caso, João Lourenço referiu as obras de reabilitação do hospital província de Cabinda, "que lamentavelmente duram há bastante tempo".

Ao intervir nesta reunião, o novo governador provincial de Cabinda, general Eugénio Laborinho, nomeado para aquele cargo em setembro último, sublinhou "muita preocupação" com a "acentuada pobreza dos cidadãos" daquele enclave - onde é produzido, no 'onshore' e 'offshore', a maior quantidade do petróleo angolano -, mas que "grande parte não têm emprego".

"A agravar a situação, algumas empresas petrolíferas situadas no complexo petrolífero do Malombo, deram início a um processo de despedimento em massa devido à crise que se vive no setor, que colocou no desemprego cerca de 8.000 trabalhadores, prevendo que outros venham a ter o mesmo destino nos próximos tempos", alertou Eugénio Laborinho.

Em cima da mesa, nesta reunião da comissão económica do Conselho de Ministros, orientada pelo Presidente da República, está ainda uma proposta para baixar a tarifa da ligação aérea para Cabinda, atualmente o único acesso direto desde o restante território angolano.

Contudo, João Lourenço atribuiu igualmente prioridade à conclusão do projeto, em curso, de construção do terminal de passageiros e cargas em Cabinda, "que vai garantir a ligação fácil entre o território de Cabinda, a cidade do Soyo [província do Zaire] e a cidade de Luanda", através do serviço de ferryboat, com início previsto para 2018.

João Lourenço chegou na terça-feira ao enclave de Cabinda, tendo visitado várias obras públicas que decorrem no território, nomeadamente a reabilitação e ampliação do aeroporto, do centro político-administrativo do governo provincial, de tratamento de águas e da universidade estatal, entre outras.

Esta é a segunda visita oficial de João Lourenço às províncias desde que foi empossado nas funções, depois de ter presidido à abertura do ano agrícola, em outubro, no Huambo.

A última reunião deste género aconteceu em junho de 2016, na província do Moxico, quando o então Presidente José Eduardo dos Santos orientou, no Luena, uma reunião descentralizada das comissões Económica e para a Economia Real do Conselho de Ministros.

O enclave de Cabinda enfrenta há cerca de dois anos o recrudescimento das ações de guerrilha dos independentistas da Frente de Libertação do Estado de Cabinda - Forças Armadas Cabindenses (FLEC-FAC), que reivindicaram desde o início de 2016 dezenas de mortos em ataques a militares angolanos.

Aquela organização independentista defende que o Tratado de Simulambuco de 01 de fevereiro de 1885, que tornou aquele enclave num "protetorado português", continua em vigor, lutando há quase 50 anos, através de várias fações, pela independência do território.

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