A informação consta do relatório semanal do BNA sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, no período entre 05 e 09 de setembro, contrastando com os 217,4 milhões de euros (MEuro) da semana anterior, mantendo-se as vendas, há vários meses, apenas em moeda europeia.
Segundo o documento, consultado hoje pela agência Lusa, as divisas disponibilizadas na última semana, equivalentes a 351,5 milhões de dólares, destinaram-se a cobrir, nomeadamente, necessidades do setor da indústria (53,8 MEuro), das telecomunicações (35,8 MEuro) e das empresas petrolíferas, neste caso com vendas de divisas em leilão no valor de 35,8 MEuro.
O elevado volume de divisas disponibilizado pelo BNA foi suficiente ainda para garantir vendas diretas para reposição cambial nos bancos, no valor de 44,8 MEuro, para viagens, ajuda familiar, saúde e educação no exterior (26,9 MEuro), para cobertura de operações de cartões de crédito (17,9 MEuro), do setor da Defesa (14,5 MEuro) e para venda, em leilão, para o setor da agricultura (17,3 MEuro), entre outros.
A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, permaneceu inalterada, nos 166,716 kwanzas por cada dólar e nos 186,270 kwanzas por cada euro.
Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, a nota de um dólar continua a ser transacionada acima dos 570 kwanzas.
Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade e a revisão do Orçamento Geral do Estado de 2016.
A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.
A falta de divisas dificulta ainda a transferência de salários dos trabalhadores expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.
O BNA informou a 22 de julho que está a trabalhar com os bancos comerciais numa "melhor programação na venda de divisas" para "repor de forma gradual, programada, organizada e prudente" as necessidades de todos os setores da economia.
Lusa