Quinta, 18 de Abril de 2024
Follow Us

Quarta, 27 Julho 2016 11:10

BPI é "perfeitamente sustentável" sem a BFA - Fernando Ulrich

O presidente-executivo do BPI acredita que o processo de compra do Novo Banco poderá ser compatível com o calendário da Oferta Pública de Aquisição do CaixaBank. Fernando Ulrich acrescenta ainda que o BPI tem o seu próprio caminho e que é "perfeitamente sustentável" sem o angolano BFA.

"É verdade que o BPI assinou um compromisso de confidencialidade com vista a ter acesso à informação do Novo Banco. Mas como uma das assinaturas é a minha não posso falar sobre esse processo" disse Fernando Ulrich na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do primeiro semestre, quando questionado se era compatível a corrida ao Novo Banco com o calendário da OPA do CaixaBank.

"Admito que seja compatível com o calendário da OPA", acrescentou o banqueiro, sem mais comentários.

Quando questionado sobre se, com um ROE doméstico de 2,6%, o BPI conseguia sobreviver sem o BFA, o que é expectável que venha a acontecer, disse que: "O BPI tem o seu próprio caminho e sem o BFA é perfeitamente sustentável".

"O BPI foi o único banco que pagou os CoCos do Estado (pagou dois anos antes do prazo) e não precisou de Angola para o fazer", disse o banqueiro.

Defendeu ainda que, em Angola, "a Unitel é um parceiro de negócio do BFA, como em Portugal é o CaixaBank e a Allianz. A Santoro [empresa de Isabel dos Santos] em Portugal está noutro patamar. É um investidor financeiro do BPI. Está num plano diferente do CaixaBank", disse.

Fernando Ulrich relativizou ainda a baixa rentabilidade em Portugal, porque com "inflação zero e taxas de juro negativas até 10 anos, estes 2,6% não são comparáveis a 2,6% de ROE em 2007, altura em que o BPI tinha 20% de ROE. É claro que não estamos satisfeitos com 2,6% de rentabilidade e temos objectivos de chegar a números mais altos, portanto o ROE doméstico é baixo, mas é respeitável".

Sobre a OPA e a providência cautelar que um accionista pôs e que impediu a votação da desblindagem de estatutos no passado dia 22, Fernando Ulrich disse que a aprovação e assinatura das três actas foi feita hoje na reunião desta terça-feira do Conselho de Administração "sem nenhuma dificuldade".

Questionado sobre a saída de vários quadros do BPI que, tal como o Económico noticiou (Tiago Ravara Marques e João Tudela Martins, vão para a administração da CGD, com António Domingues, Fernando Ulrich acabou por nas entrelinhas confirmar os convites e as saídas dos colaboradores. "O BPI tem uma equipe de quadros de altíssima qualidade, quando alguém sai, eu costumo dizer que nenhum de nós faz falta se sair um de cada vez, e quem diz um, diz dois ou três", disse, acrescentando: "só não podemos é sair todos ao mesmo tempo".

Questionado sobre se o BPI também vai escrever à Comissão Europeia a respeito do aumento de capital da CGD, à semelhança do BCP, Ulrich afirmou que não o fará. "É importante para o sistema financeiro português e para a economia portuguesa que a CGD seja forte credível e competitiva, não partilho dessa preocupação [questões de concorrência] que o BCP expressou", disse.

O banqueiro referiu ainda que o BPI tem obrigações da PT Finance / Oi, com valor nominal de 23 milhões de euros e que foi constituída uma imparidade de 20,2 milhões de euros, na sequência do pedido de recuperação da divida da empresa brasileira. Mas explicou que o banco não fez qualquer produto estruturado com essas obrigações. A imprensa noticiou que o Deutsche Bank tinha feito.

O BPI que fechou o semestre com um rácio de common equity tier 1 (CET1) de 11% em versão faseada e de 10,1% na versão totalmente implementadas as novas regras contabilísticas que vão entrar em vigor, disse hoje que todos os bancos da zona euro vão entrar em diálogos bilaterais com o BCE para determinar o rácio de capital que cada banco tem de ter em 2017. Mas esses rácios de common equity Tier 1 mínimos para cada banco, e que são em função dos riscos da sua carteira de activos, não serão tornados públicos.

Banco lucrou 105,9 milhões no primeiro semestre

O BPI gerou um lucro consolidado no primeiro semestre de 2016 de 105,9 milhões de euros que "decorre de um contributo da actividade doméstica de 24.5 milhões de euros (mais 17,9 milhões que no primeiro semestre de 2015) e de um contributo da actividade internacional de 81,4 milhões de euros (mais 11,8 milhões de euros)", revelou o banco em comunicado.

Em 30 de Junho de 2016, a carteira de crédito a clientes (consolidada, líquida) ascendia a 24 mil milhões de euros, o que corresponde uma redução homóloga de 1.4%.

Os recursos totais de clientes diminuíram 1,2 mil milhões de euros em termos homólogos (-3.3%), para 34,1 mil milhões de euros.

O Banco BPI avança que o montante de financiamento do BPI obtido junto do BCE ascendia a mil milhões de euros no final de Junho de 2016.

Em 30 de Junho de 2016 nas contas consolidadas, o rácio de transformação de depósitos em crédito é de 88%. Na actividade doméstica, naquela data, o rácio de transformação de depósitos em crédito ascendia a 108%.

Econômico

 

Rate this item
(0 votes)