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Quinta, 26 Novembro 2015 17:23

Escassez de dólares dá nova força ao euro em Angola

O Bank of America vai cortar a oferta de notas de dólar a bancos da África subsariana, com consequências nas instituições financeiras angolanas, que deixam de receber moeda norte-americana.

A medida, que entra em vigor no final do mês, foi revelada por duas fontes da Rand Merchant Bank, o distribuidor da moeda norte-americana em Angola, e resulta de uma alteração de política no Bank of America, que cortou a sua oferta de notas para a África subsariana.

A medida acontece depois de uma revisão da operação do Bank of America. Assim, o Rand Merchant Bank vê-se sem meios para continuar a garantir a entrega de dólares aos clientes angolanos.

As restrições já se sentem no dia-a-dia dos empresários angolanos e estrangeiros a operar no país. Os bancos estão a impôr limitações aos levantamentos e a encorajar a utilização de euros e de moedas da África do Sul e China para os seus negócios.

Os clientes do BAI, o maior banco privado em Angola, por exemplo, estão impedidos de levantar mais do que 2 mil dólares (1,88 mil euros) por semana, e deverão enfrentar uma ausência de notas da moeda norte-americana a partir de segunda-feira, dia 30.

Ao mesmo tempo, Luanda sabe que o dólares são escassos e está praticar preços cerca de 20% acima para a conversão de Kwanzas, face ao praticado há cerca de dois meses.  “Vai continuar a haver moeda estrangeira nas ruas, incluindo notas de dólar, mas a tendência é para os clientes usarem mais cartões de crédito e fazerem mais transferências bancárias”, afirmou Fernando Telles, presidente do BIC.

“Estamos a aconselhar os nossos clientes a usarem mais euros, rands e até renminbis”, disse o presidente executivo do banco angolano, citado pela Bloomberg.

Do lado do BPI, Luísa Felino, analista, explica que o Banco Nacional de Angola tem tido um papel preponderante na gestão da moeda existente e que é um dos grandes responsáveis pela crise vivida em Angola. “Como a procura por dólares é maior do que a oferta, existe uma lista de espera para os bancos pedirem a quantidade de reservas que querem”, afirmou.

“Todo o processo é centralizado pelo BNA, que disponibiliza aos bancos as divisas através dos leilões, mas como o BNA tem menos dólares a entrar porque o petróleo está mais barato, também liberta menos dólares para os bancos”, acrescenta.

“Há a percepção de que existe escassez, e mesmo para as importações diretas de produtos de consumo final, existe essa percepção nos supermercados, as pessoas começam a sentir que certos produtos já não estão a ser disponibilizados”, apontou a analista do BPI responsável por Angola.

O euro poderá torna-se uma das moedas mais fortes no país, diz Fernando Telles, antecipando uma substituição natural do dólar pelo euro. Isto depois de Angola já ter desvalorizado o Kwanza duas vezes este ano para tentar controlar a crise petrolífera – o preço do petróleo já caiu 40% desde o início do ano.

A moeda oficial de Angola vale hoje menos 24% do que no início do ano. Um dólar vale hoje 270 kwanzas. Em setembro o câmbio fazia-se de 1 para 230.

Perante a indecisão a ordem é para que os angolanos em viagens pelo estrangeiro tentem utilizar ao máximo os cartões de débito pré-pagos.

Dinheiro Vivo

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