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Terça, 20 Janeiro 2015 17:59

Depois da China, Angola recorre a Wall Street para tapar buraco nas contas públicas

Poucas semanas depois de ter assegurado um financiamento de 2 mil milhões de dólares da China, Angola recebe apoio de duas importantes firmas dos mercados financeiros de Wall Street e da City de Londres, incluindo a gigante Goldman Sachs. Isto enquanto as necessidades do Estado se vão agudizando, com o arrastar da quebra dos preços de petróleo.

Segundo decretos do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, o apoio de Wall Street ascende a 500 milhões de dólares – 250 milhões da Goldman Sachs norte-americana e outros 250 milhões da Gemcorp Capital LLP, baseada no centro financeiro (“city”) de Londres. Os dados foram avançados pelo Jornal de Angola.

Embora tenha vindo a reduzir a sua participação, a Goldman Sachs ainda é acionista minoritária da Cobalt Energy, empresa de exploração de petróleo que atua no “off-shore” de Angola.

Nos Estados Unidos, esta petrolífera foi recentemente acusada de pagamento de subornos a entidades estrangeiras para assegurar negócios. A queixa refere a participação de altos responsáveis angolanos, entre eles Manuel Vicente, ex-presidente da Sonangol e atual vice-presidente, numa sociedade parceira da Cobalt, Nazaki Oil and Gaz.

Na sua recente mensagem de Ano Novo, o presidente angolano aludiu à diminuição das receitas do petróleo numa perspectiva mais austera do que vinha fazendo. Alertou para consequências como o abandono ou o protelamento de políticas e/ou planos de investimento público. Os dirigidos à redução da pobreza seriam a única excepção.

Segundo o Africa Monitor Intelligence, a pobreza que atinge parte substancial da população e as desigualdades consideradas flagrantes entre estratos, é usualmente identificada como foco potencial de eventuais convulsões internas. O outro é a chamada intolerância política, a que o presidente também prestou atenção.

Entre as medidas já anunciadas pelo governo angolano estão cortes nos gastos com Educação e congelamento de contratações. Em vista está um corte adicional de 20 por cento nas despesas.

As receitas petrolíferas representam perto de 75 por cento das receitas fiscais e a quase totalidade das exportações angolanas. Depois de ter superado os 115 dólares em junho, o barril de petróleo tocou nos 45 dólares este mês.

A dívida pública deverá chegar a 47 mil milhões de dólares, com base num valor de 81 dólares por barril.

Angola já tinha assegurado em dezembro do ano passado um empréstimo de 2 mil milhões de dólares, concedido pela China.

AM

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