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Sábado, 01 Dezembro 2018 21:12

Desvio de recursos públicos explica actuais dificuldades no pais

Os 6.980 milhões de dólares encontrados nos cofres públicos como recursos do Tesouro, quando o novo Governo entrou em funções, em Setembro de 2017, de tão insignificantes para a agenda económica do país, podem explicar as dificuldades actuais do país, consideraram economistas ouvidos ontem pelo Jornal de Angola.

Questiona-se a dimensão da queda das reservas de Estado registada antes da saida de Eduardo dos Santos em 2017

A nossa reportagem obteve reacções de profissionais sobre o balanço da aplicação do Programa de Estabilização Macroeconómica (PEM), realizado na quinta-feira, onde o ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social revelou existências de 15 mil milhões de dólares em reservas internacionais líquidas e de 6,98 mil milhões em reservas do Tesouro, em Setembro de 2017.

Manuel Nunes Júnior notou, nessa ocasião, que apesar das reservas internacionais serem importantes para a credibilidade externa do país, não devem ser tidas como sendo recursos do Tesouro, uma vez que não podem ser utilizadas para fazer face a gastos correntes do Estado, como o pagamento da salários da função pública.

O economista Afonso Maby Miguel afirmou que os recursos financeiros encontrados em moeda estrangeira serviam apenas para suportar a importação de produtos por um período de nove meses e que explicam a perda do poder de compra e as actuais dificuldades de implementação de políticas no domínio económico e social, para garantir a estabilidade do mercado”.

Afonso Maby Miguel lembrou que o Estado tem o papel crucial de manter o bem-estar da população, garantindo todos os serviços por meio de verbas alocadas pelo Tesouro. “O montante encontrado nos cofres não permite fazer uma cobertura integral de pagamentos aos fornecedores”, considerou.

Alberto Seixas, outro economista, estimou que o Estado deve manter 30 mil milhões de dólares em recursos do Tesouro para fazer face às necessidades do país. “Em 2008, o país observou números bastantes animadores para as necessidades de consumo no país. Os montantes foram baixando de forma inexplicável, enfraquecendo a economia”, lamentou. O especialista considerou como “um mau procedimento” a tendência da governação anterior de não prestar contas de forma regular sobre a execução orçamental e disse ser “de louvar a prestação de contas apresentada pela equipa económica”, porque “é penoso para o crescimento da economia nacional, quando assistimos à falta de transparência”.

Para Alberto Seixas, a transparência das políticas macroeconómicas de um país é importante para garantir confiança ao investidor estrangeiro. “É a partir de números oficiais divulgados pelo Governo, que a classe empresarial direcciona os seus projectos de investimentos”, notou.

Na sua opinião, uma das políticas que fez baixar as reservas líquidas foi a política de injeção de divisas no mercado cambial, onde vigorava uma taxa fixa que penalizou o mercado nacional. “É impensável acreditar que, através da injeção de moeda estrangeira no mercado cambial para regular as taxas, manteria o câmbio menos inflacionado”, afirmou.

O economista Hernani Pena Luís declarou que reservas internacionais liquidas são utilizadas para dar garantias ou estabilidade a nível da taxa de câmbio, pelo que os cofres de Estado “estavam mesmo vazios”, uma vez que existe diferença entre as reservas internacionais liquidas e reservas ou fundos do Tesouro. JA

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