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Quarta, 04 Julho 2018 15:07

Ana Gomes lamenta que PR de Angola não tenha respondido às questões dos eurodeputados

Ana Gomes (PS) lamentou hoje que o Presidente de Angola não tenha respondido às questões dos eurodeputados, e fez depender a credibilidade do discurso de João Lourenço em Estrasburgo das medidas práticas que venha a tomar.

"Há todo um conjunto de medidas, de ações práticas, que vão determinar a credibilidade do que o Presidente João Lourenço hoje aqui disse", considerou a eurodeputada socialista, após o discurso do chefe de Estado de Angola no Parlamento Europeu (PE) em Estrasburgo.

Em declarações aos jornalistas, Ana Gomes, que há muito tempo critica o regime angolano, revelou que manteve uma "simpática, cordial, e curta" conversa com o Presidente de Angola.

"Tenho pena que não tenha havido oportunidade para um verdadeiro diálogo com o Presidente João Lourenço, mas pude dizer-lhe que tinha gostado particularmente do discurso da cruzada contra a corrupção. Todavia, a grande questão é passar da palavra aos atos. Já muita coisa está a ser feita, mas ainda há muito a fazer. E era exatamente por isso que gostava que esta oportunidade da vinda do Presidente tivesse proporcionado uma verdadeira troca de impressões com os deputados, que tinham questões a colocar-lhe, como é o meu caso", frisou.

A eurodeputada socialista indicou que questionou João Lourenço sobre o julgamento do jornalista Rafael Marques, acusado do crime de injúria, na sequência de uma notícia de novembro de 2016, divulgada no portal de investigação Maka Angola, com o título "Procurador-geral da República envolvido em corrupção", que denunciava o negócio alegadamente ilícito realizado por João Maria de Sousa, envolvendo a aquisição de um terreno de três hectares, em Porto Amboim, província angolana do Cuanza Sul, para construção de condomínio residencial.

"Ele sorriu e encolheu os ombros, dando a entender que era um caso da justiça. É sem dúvida um caso que vai focar as atenções em Angola e no mundo todo", anteviu.

Para Ana Gomes, é evidente que há uma vontade política de mudança, "até porque se vê que o estilo do atual Presidente é completamente diferente [do de José Eduardo dos Santos]".

"O percurso que ele fez é inteligente, bem construído, e procura valorizar o que pode já valorizar, mas também admite que há tremendos desafios que Angola não pode vencer sozinha e que tem de vencer em concertação com os parceiros europeus. O grande desafio é levar isto à prática em Angola, porque sabemos que o país foi minado pela corrupção", acentuou.

Todavia, na opinião da eurodeputada do Partido Socialista, há "uma série de casos herdados pelo Presidente João Lourenço que deveriam ser esclarecidos", nomeadamente o caso do ex-vice-Presidente angolano, Manuel Vicente.

"Há uma série de elementos que são cruciais esclarecer, até porque o Presidente fez aqui um apelo ao investimento em Angola. A grande dúvida é se há condições, porque, não obstante a vontade do Presidente, se a justiça não funcionar...", concluiu.

O Presidente de Angola apelou hoje à União Europeia (UE) para ajudar o país a superar "os constrangimentos" que ainda impedem a colocação da economia angolana ao serviço do "desenvolvimento, do progresso e do bem-estar das populações".

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