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Segunda, 19 Fevereiro 2018 13:57

João Lourenço 'apadrinha' retoma da construção da refinaria do Lobito

O Presidente angolano visitou hoje o terreno que receberá a nova refinaria do Lobito, em Benguela, ato que marca o reinício da obra de construção, suspensa em 2016 pela administração da Sonangol, liderada então por Isabel dos Santos.

A visita de João Lourenço insere-se na primeira reunião do conselho de governação local, que o chefe de Estado realiza hoje na província de Benguela, reunindo vários ministros e os 18 governadores provinciais.

O projeto da refinaria do Lobito prevê o processamento diário de cerca de 200 mil barris de crude, criando 10 mil postos de trabalho diretos e indiretos.

Fica localizada no morro da Quileva, a 10 quilómetros da cidade do Lobito, numa área de 3.805 hectares, num investimento inicialmente estimado em 10.000 milhões de dólares.

Em novembro, o Presidente angolano avisou a nova administração da Sonangol, que passou a ser liderada por Carlos Saturnino, para a necessidade de construir uma refinaria em Angola, para reduzir as importações de combustíveis, depois da suspensão do projeto para o Lobito.

Embora sem se referir diretamente à construção de uma refinaria no Lobito, projeto estatal que a Sonangol suspendeu depois da entrada de Isabel dos Santos para a petrolífera, em junho de 2016, o chefe de Estado afirmou que "tão logo quanto o possível" o país deve "poder contar com uma ou mais refinarias".

"Não faz sentido que um país produtor de petróleo, com os níveis de produção que tem hoje e que teve no passado, continue a viver quase que exclusivamente da importação dos produtos refinados", apontou.

Além do projeto do Lobito, a consulta lançada, entretanto, pela Sonangol permitiu receber mais de 60 propostas, de investidores de vários países, para a construção de refinarias em Angola.

Angola é atualmente o segundo maior produtor de petróleo em África e garante mais de 1,6 milhões de barris de crude por dia.

Para João Lourenço, as possibilidades de construção de refinarias pelo Estado ou em parceria com privados "devem ficar em aberto".

"O que pretendemos é que o país tenha refinaria, ou refinarias, para que a atual fase que vivemos, de importação de derivados do petróleo, seja atirada para o passado. Eu sei que é possível e que podemos no próximo ano, em 2018, se trabalharem bem e rápido, dar pelo menos início à construção de uma refinaria para Angola", exortou, anteriormente, o chefe de Estado.

Atualmente, a Sonangol mantém em operação a refinaria de Luanda, com 62 anos de atividade e uma capacidade nominal instalada de 65.000 barris por dia.

A taxa média de utilização dessa capacidade instalada foi de 83% em 2016, ainda assim um incremento de 1,5% face ao ano anterior, segundo informação anterior da concessionária estatal.

Angola importa mensalmente cerca de 150 milhões de euros em combustíveis refinados, fornecimento que está a ser dificultado pela falta de divisas, atrasando pagamentos por parte da Sonangol, que reconheceu igualmente produzir apenas 20% do consumo total de produtos refinados.

A Lusa noticiou em julho passado que a construção da refinaria do Lobito, na província de Benguela, iria continuar parada em 2017, e que não era prioritária para a Sonangol, devido à quebra do preço do petróleo no mercado internacional.

O anúncio era da própria administração da Sonangol, no seu relatório e contas de 2016, divulgado na altura, e surgia depois da suspensão do projeto, em junho de 2016.

"Para o ano em curso, não foi orçamentado no programa de investimentos o projeto de construção da refinaria de Lobito, tendo sido suspenso para a reavaliação da visão estratégica e da viabilidade económica. No entanto, tem-se envidado esforços no sentido de promover o projeto no mercado internacional, visando a captação de fundos ou parceiros", apontava a Sonangol, no mesmo documento.

A petrolífera detida pelo Estado angolano justificou a suspensão e reavaliação desta obra com "o atual contexto de quebra do preço de petróleo", apesar do valor investido.

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