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Domingo, 27 Outubro 2013 09:42

FAA frustram tentativa de ocupação de Kitembo

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Um grupo de militares do Congo Brazzaville foi impedido no dia 14 pelas Forças Armadas Angolanas de instalarem um posto de comando avançado em Kitembo, Cabinda, confirmou aos jornalistas o comandante da Polícia de Guarda Fronteira naquela província.

Kitembo, município de Belize, está a cerca de dez quilómetros da localidade de Pangui, República do Congo, e a 196 quilómetros da capital de Cabinda. A intenção dos militares congoleses foi frustrada devido à pronta intervenção das Forças Armadas Angolanas (FAA), que actuaram depois de efectivos da Polícia de Guarda Fronteira (PGF) as terem alertado para movimentação das forças do país vizinho.

 Os 46 elementos das Forças Armadas congolesas, que chegaram a construir três casernas de madeira cobertas de chapas de zinco, foram detidos e posteriormente mandados em paz de regresso ao seu país.

O comandante da PGF em Cabinda rejeitou a ideia que a atitude dos militares estrangeiros significa que “os congoleses têm a porta aberta para entrarem ilegalmente” em Angola.

“Estamos atentos e prontos para qualquer acção que surja, pois a nossa missão é manter a ordem e a tranquilidade em território nacional”, garantiu Lourenço Deia.

O oficial da Polícia Nacional declarou que “esta não foi a primeira tentativa das forças congolesas instalarem um comando avançado em território angolano”.

Apesar do incidente, disse, a livre circulação de pessoas e bens ao longo da fronteira é feita normalmente.

Autoridades tradicionais

Autoridades tradicionais afirmaram aos jornalistas que os militares congoleses recorrem à história da colonização para justificarem a atitude que tiveram. Paulo Mabiala, regedor do Miconge, disse aos representantes da comunicação social estar indignado com o que se passara:  “Os marcos fronteiriços, definidos na Conferência de Berlim, foram deixados pelos portugueses”.   “Não queremos mais guerra, mas não podemos permitir provocações e que ocupem as terras deixadas pelos nossos antepassados”, sublinhou o regedor do Miconge.

A mesma posição foi corroborada por Bambi Bambi, coordenador da aldeia Sanga-Miconge, e por Agostinho Maciala, conselheiro da regedoria da comuna, que completa 88 anos em Dezembro e lembrou, igualmente, que a linha divisória entre os dois países “está muito além da área que os militares congoleses tentaram ocupar.

 “A divisão é mais para lá”, disse a apontar na direcção da estrada que vai de Cabinda a Dolisie e a falar como para ele próprio depois de ter pensado várias vezes sobre o assunto: “Não entendo o motivo deles terem vindo até aqui”.

César Bilendo, que foi durante dez anos administrador comunal do Miconge, também não escondeu a indignação: “Daqui, da localidade de Kitembo, onde nos encontramos, até onde estão os marcos que dividem o nosso território do da República do Congo são cerca de dez quilómetros”.

A acção dos efectivos congoleses, sublinhou, foi uma autêntica provocação às autoridades angolanas. Os congoleses, concluiu, aproveitam-se do facto de existirem muitos angolanos a residirem do outro lado da fronteira para tentarem ocupar parte do território de Cabinda.

Boa vizinhança

A governadora de Cabinda lembrou que Angola e a República do Congo vivem num “clima de boa vizinhança”, apesar do incidente do dia 14 e que os dois países têm acordos bilaterais e realizam encontros regulares.

Aldina da Lomba aventou a hipótese da realização nos próximos dias de mais um desses encontros para o esclarecimento do incidente, que “não pode ser visto como um conflito entre os dois países”. 

O mais importante, referiu a governadora de Cabinda, é que as Forças Armadas Angolanas cumpriram o seu papel de defender a soberania do país e passos subsequentes podem ser dados a nível político e diplomático.

 “Angola e a República do Congo têm laços de irmandade que vêm desde a luta de libertação nacional e vão continuar a existir”, assegurou a governadora Aldina da Lomba.

Jornal de Angola

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Last modified on Domingo, 27 Outubro 2013 07:50