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Sexta, 06 Abril 2018 14:35

Três a cinco crianças morrem por dia no Hospital Pediátrico David Benardino em Luanda

Crianças com malária e as doenças respiratórias agudas enchem por estes dias as consultas do Hospital Pediátrico David Bernardino de Luanda, que regista uma média de atendimento diária de mais de 400 casos, com três a cinco óbitos.

A informação foi hoje dada pelo diretor daquela unidade hospitalar de referência da capital angolana, Francisco Domingos, no final de uma visita realizada por deputados da oitava Comissão de Família, Infância e Ação Social da Assembleia Nacional.

Francisco Domingos referiu que aumentou o número de pacientes nesta altura de chuvas, com casos de malária, mas também doenças respiratórias agudas.

"Nesta altura há uma média de atendimento entre as 300 e 400 crianças, das quais 50 a 60 são internadas. Isto reflete que as restantes das crianças deveriam ser atendidas nos cuidados primários de saúde, isto é, a nível dos centros de saúde, dos hospitais municipais e só aquelas que tivessem complexidade é que deveriam ser referenciadas para o nosso hospital", disse.

O responsável sanitário disse que nesta altura chegam a falecer, por dia, entre três a cinco crianças. Mais de 50 por cento destes casos morrem nas primeiras 48 horas após entrada no hospital.

"Isso significa que chegam num estado avançado ou grave da sua patologia", disse Francisco Domingos, salientando que, apesar da procura, aquela unidade hospitalar possui um serviço eficiente de triagem e atendimento das crianças que têm situação de urgência e de emergência.

"Nós fazemos o esforço de pôr uma equipa que faz a consulta de urgência, que não é o nosso foco, nós somos um hospital terciário, escola, deveríamos receber referenciadas daqueles níveis, mas as crianças vêm diretamente para nós e claro que arranjamos uma metodologia e procedimento para atendê-las, não dizemos para regressarem para suas casas", salientou.

Segundo Francisco Domingos, "é muito desconfortável dizer a um pai que vem de Viana, Cacuaco ou Ramiros, que tem que regressar para a sua casa, então são essas [as crianças] que esperam, se não estiverem graves".

O hospital tem uma equipa constituída por 88 médicos e 334 enfermeiros, que correspondem a apenas dois terços das necessidades.

"De médicos até não temos grandes deficiências, temos mais a nível dos enfermeiros, que é a base do atendimento na saúde, o que está próximo do doente e a nível dos enfermeiros, nós temos dois terços das necessidades", disse.

Além da malária, doenças respiratórias agudas, o corpo de médicos vê-se a braços para atender casos de infeção do recém-nascido, malnutrição e algumas doenças que poderiam ser prevebidas por vacinação, nomeadamente o tétano, meningite e tétano neonatal.

Em declarações à imprensa, a vice-presidente da oitava comissão da Assembleia Nacional, Ruth Mendes, disse que a visita permitiu concluir-se que o hospital pediátrico ainda apresenta algumas dificuldades, limitações que têm a ver com a falta de meios e medicamentos. No entanto, é grande o esforço que o quadro clínico e os trabalhadores fazem para toda a criança que se dirige àquele hospital não saia sem atendimento, acrescentou.

"Isso para nós é muito importante, considero que a equipa de trabalhadores desde médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico e de base são de facto uns verdadeiros heróis por aquilo que nós podemos ver do trabalho que conseguem fazer, tendo em conta o número de pacientes que acorre a esta unidade hospitalar", sustentou.

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