Em comunicado a que a Lusa teve hoje acesso, o banco central refere ainda que nas últimas semanas tem vindo a realizar reuniões de "auscultação e concertação" com a Associação dos Bancos Comerciais de Angola (ABANC) e com os presidentes ou representantes dos conselhos de administração de 15 bancos angolanos para "partilhar informação sobre os desafios do sistema financeiro".
Só de trabalhadores expatriados portugueses estão retidos, segundo o Governo de Portugal, cerca de 160 milhões de euros de vários meses de salários por transferir para contas nacionais (em divisas).
Angola é atualmente o maior produtor de petróleo de África, mas vive uma profunda crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra para metade, desde finais de 2014, das receitas com a exportação de petróleo.
O BNA vendeu aos bancos comerciais, na primeira quinzena de julho, divisas equivalentes a 597,4 milhões de dólares (544 milhões de euros), "destinadas à cobertura de operações de caráter prioritário", como aquisição de alimentos, ajuda médica, despesas com formação no exterior e telecomunicações, bem como para importações dos setores da agricultura, indústria, pescas, energia e água, e geologia e minas.
A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, permanece praticamente inalterada há várias semanas nos 166,712 kwanzas por cada dólar e nos 186,266 kwanzas por cada euro.
Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, à falta de divisas aos balcões dos bancos, a nota de um dólar está a ser transacionada à volta dos 600 kwanzas.
"O BNA assegura, desde já, que as vendas de divisas vão manter-se de forma regular, apelando aos vários agentes económicos, com destaque para as empresas, a evitarem o recurso ao mercado informal e impedirem a indexação dos preços dos produtos ao câmbio do mercado paralelo",lê-se no comunicado.
A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.
A falta de divisas, em função da procura, dificulta, por exemplo, a transferência de salários dos trabalhadores de expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.
O Presidente angolano exigiu a 01 de julho, ao BNA, que encontre soluções para resolver as dificuldades dos clientes e empresas no acesso a divisas, reconhecendo que no momento atual quem tem dinheiro prefere mantê-lo fora do país.
José Eduardo dos Santos explicou que a venda de divisas aos bancos por parte das empresas petrolíferas estrangeiras que operam no país, para obterem moeda nacional para o pagamento das despesas em Angola, são na ordem dos 300 milhões de dólares por mês e não cobrem atualmente as necessidades, como no passado.
O chefe de Estado disse que o Governo já recomendou ao BNA que "trate desta matéria com urgência", em articulação com os bancos comerciais, "para melhor proteger os interesses" de Angola.
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